I was only two years old and I was playing on the bow of the small boat that served as my mother’s dental office. It was a winter morning in the Western Brazilian Amazon, early 1960s.
At 27 years old, she was seeing a patient from the riverside, while I played on the bow with King, a mixed-breed dog. The boat was named ‘Jaimar’, a fusion of my father’s name, Jairo, and her name, Adamar.
Suddenly, I stumbled and fell into the turbulent and treacherous Amazon River. I disappeared for seconds into the current, along with King, who had jumped in and held me with his teeth. The boat’s engineer witnessed the scene and jumped into the water, managing to rescue us a few meters downriver. Had it not been for the dog’s protective gesture and his attitude of not letting go of me, one or both of us would have perished.
After the incident, my mother decided to stop cruising, and settled in the city of Porto Velho. For two more years, King was with us, always faithful and playful, until he was run over by a car. Soon after his death, one rainy night, my mother, always caring, noticed that my bed was empty. She got desperate and went looking for me in the backyard, where she found me sitting beside the place where he was buried.
I have never forgotten that experience, which has fostered my love for dogs, for their loyalty and protective instincts, and for how they are happy to simply be able to accompany us in their short existence. I could never be indifferent if I knew that an animal so docile and affectionate is exposed to mistreatment or abandoned to its fate, waiting for adoption by some evolved and generous soul.
GRATIDÃO AO CÃO QUE ME SALVOU
Relatos de minha saudosa mãe
Eu tinha apenas dois anos de idade, quando brincava na proa do pequeno barco que servia de consultório odontológico à minha mãe. Era uma manhã de inverno na Amazônia Ocidental Brasileira – início dos anos 1960.
Aos 27 anos, ela atendia um paciente ribeirinho, enquanto eu brincava com o King na proa. Um cachorro vira-lata com alguma semelhança a um Collin. O barco tinha o nome de Jaimar, uma conjunção do nome do meu pai, Jairo, como o nome dela, Adamar.
Repentinamente, tropecei e caí no caudaloso rio Amazonas, turvo e traiçoeiro. Desaparecendo por segundos na correnteza, junto com o King, que pulou junto e me segurou com a boca. O maquinista do barco presenciou a cena e se jogou na água, conseguindo nos resgatar alguns metros abaixo. Não fosse o gesto protetor do cachorro e a atitude de não me soltar, um dos dois ou ambos teríamos perecido.
Após o incidente, minha mãe decidiu parar de navegar e estabeleceu-se na cidade de Porto Velho. Por dois anos mais, King esteve conosco, sempre fiel e brincalhão, até morrer atropelado. Logo depois de sua morte, numa noite chuvosa, minha mãe, sempre cuidadosa, percebeu que minha cama estava vazia.
Desesperou-se e foi à minha procura no quintal, onde me encontrou sentado ao lado do lugar onde ele estava enterrado. Jamais esqueci aquela experiência sobre a qual alicercei um amor pelos cães, por sua lealdade e proteção, felizes apenas com poder nos acompanhar em sua curta existência. Eu não conseguiria ser indiferente, sabendo que algum animal tão dócil e afetuoso esteja exposto a maus-tratos ou abandonados à própria sorte, à espera de adoção por alguma alma evoluída e generosa.