Reflexão de Natal

Foto: Daniela Falcao, Folha de S. Paulo – Hugo, 3, Fabricio, 4, no lixão em Ribeirão Preto.

É Natal para 31,2% da população mundial celebra o nascimento daquele que condenou a hipocrisia e o egoísmo, e defendeu a fraternidade, a compaixão, a justiça, o bem-estar e a liberdade, no formato que o conhecimento da época lhe permitiu conceber. Mas a realidade é que crescemos apenas em quantidade e já somos 7,888 bilhões no planeta, mas o desafio de evoluir em consciência persiste.

Enquanto a fé, transformada em um milionário comercio é festejada com regozijo, luzes, ostentação, extravagância e fartura de alimentação, mais de 2,3 bilhões de humanos vivem nesse instante numa realidade de insegurança alimentar, e 735 milhões são flagelados pela fome, muitos dos quais, disputando alimentos podres com as aves de rapina, em lixões a céu aberto.

Conforme relatório da “Global Religion 2023”, feita em 26 países, a maioria dos brasileiros que tem uma religião se denomina cristã (70%), no entanto, o Brasil possui uma média anual acima de 54.000 homicídios, incluindo feminicídios, realidade que ironicamente iria deixar o aniversariante envergonhado caso vivo fosse, e de certa forma culpado, por ter seu nome usado e denegrido com as práticas que ele condenou. 

Sob o olhar indiferente do Deus único que dizem acreditar, cristãos, judeus, muçulmanos, e hindus, entre outras crenças, se matam em guerras insanas e imorais. De fato, ante tão dantesca realidade, cabe-nos a indagação legitima: onde nossa racionalidade esta falhando? No excesso de uma Fé não praticada, ou na escassez das boas obras?

A presunção de felicidade de cada religioso, só será realidade quando as obras forem praticadas com o mesmo fervor da fé, num exercício diário de compaixão, caridade, solidariedade e respeito pela vida, uns dos outros, na observância da coexistência. 

Aos amigos, familiares, parentes e ao irmão desconhecido, externo sinceros desejos de felicidades em cada momento da existência, com paz e saúde, seja qual for sua crença e sua capacidade de enxergar sem indiferença, ou paixões sectarias de natureza filosófica, políticas ou religiosas, a realidade que castiga impiedosamente os mais humildes, indefesos, inocentes, vulneráveis e invisíveis aos olhos da alma e da religiosidade.

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