Foto/Credito: Tania Alves – AB
Entre 1980 e 2018 foram assassinadas no Brasil mais de 1 milhão e 200 mil pessoas, ultrapassando o total de mortos em várias guerras ocorridas no mundo. As desigualdades sociais e a corrupção institucionalizada campeiam ante a ineficiência de um Estado onde criminosos comuns e a elite oficialesca dos poderes públicos são cúmplices ou beneficiários do crime organizado.
A violência injustificável tornou-se um pretexto para legitimar a descompressão de frustrações e perversidade de mentes insanas. Fisiologistas e criminosos degladiam-se rotulados de “esquerdistas ou direitistas” associados a descarados “arautos de Deus” pelo domínio ideológico ou pela expansão religiosa para proveito pessoal, auxiliados por legiões de voluntários fanáticos que instrumentalizam para espalhar a discórdia, o caos e apregoar discursos falsos com promessas de atendimento do interesse coletivo.
As interpretações pretensiosas da realidade na qual fanáticos subsistem desconfortáveis, evidenciando neurose, produz o mal que insulta a razão e alimenta a ignorância, originada nas zonas mais sombrias do cérebro sob a inspiração perceptível do despeito e da inveja. Nelas, transformam o delírio e o surreal em ‘verdades convenientes’, imprescindíveis para sustentação do próprio sentido existencial.
Divertem-se soberbos, ilhados na gangorra do bloqueio mental que se auto impõem vivendo entre ilusões e desilusões, presumindo ‘notável sapiência’, como ditadores de uma frágil e insustentável razão. Contentam-se com o som imaginário de aplausos, advindos das plateias entusiastas e ignorantes que compartem convicções afins e a esperança de capacitação mental pela intervenção divina, como se não tivessem tido a possibilidade de evoluirem meritoriamente, capacitando-se pela busca do conhecimento através dos estudos ao longo da vida.
Utilizam a cabeça para separar as orelhas e guardar um cérebro mediocremente desenvolvido enquanto caminham para suas covas, sonhando com as promessas que lhes parecem credíveis. “Sonham com cidades cujos rios seriam de leite e mel e ruas de ouro onde acreditam poderão palmilhar desprovidos do corpo material”, conforme promessas mirabolantes descritas há milênios por povos atrasados que existiram na penumbra da ignorância entre barbáries, crenças absurdas e miséria crônica.
Desprezam a razoabilidade ferindo o próprio ego ante a não aceitação de realidades diferentes, que consideram privilegiadas e não conseguem admitir, gerando desconforto, constrangimento, intolerância. Facilmente perdem o equilíbrio emocional comprometendo a fluência saudável da coexistência.
Em suma, insistem em tentar impor aos divergentes a ditadura de suas indefensáveis razões formatadas por padrões alheios que adotaram como próprios fantasiando-os de verdade, por ser mais fácil que admitir a verdade nua e crua e libertarem-se do ranço sectário ideológico, filosófico ou religioso que os mantém prisioneiros das próprias limitações.
“Discordar é um DIREITO inalienável de cada indivíduo. Respeito e tolerância à opiniões diferentes é DEVER de todos, infelizmente exercitado por poucos que se encontram em posição que permite compreender o alcance desse parâmetro fundamental para norteamento do mundo livre e democrático”.