Fome: desidratação de alimentos perecíveis e “bancos armazenadores” para aliviar populações famintas vítimas de guerra, catástrofe natural ou extrema pobreza.

Refugiados na fronteira entre Ucrânia e Polônia após invasão russa (Foto: FAO/ONU)

O ex-editor Samuel Sales Saraiva apela a Joe Biden, FAO e Papa Francisco, para a construção de plantas de desidratação objetivando conter o desperdício de alimentos além de “bancos de armazenamento”   facilitando ajuda humanitária de emergência 

Com o título A face cruel e criminosa da fome no mundo, o brasileiro e cidadão americano, Samuel Sales Saraiva, ex-suplente de deputado federal por Rondônia, morador em Washington DC., enviou carta esta semana ao presidente do World Food Programme (Programa Alimentar Mundial), da Organização das Nações Unidas, David Muldrow Beasley; ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pedindo apoio ao uso da tecnologia na desidratação de alimentos naturais em larga escala; e publicou ‘Carta Aberta’ dirigida ao Papa Francisco. 

“Milhares de toneladas atualmente desperdiçadas seriam conservadas”, disse Samuel Saraiva.

Segundo ele, a construção de plantas nesse sentido possibilitaria “bancos armazenadores” em regiões consideradas vulneráveis.

Recessões e pandemias, entre elas, a da Covid 19 e suas variantes, agravam e ampliam a insegurança alimentar, castigando países ricos e pobres.

SEGURANÇA ALIMENTAR

A construção de usinas com capacidade tecnológica para transformar estoques de alimentos do estado natural para desidratados, ou mesmo para o estado pré-cozido, além de estender o tempo de conservação [cinco a seis anos, em média], fortaleceria a segurança alimentar mundial, observou. 

Catorze anos atrás, o missivista fizera semelhante apelo, justificando que a medida amenizaria a fome em regiões flageladas por desastres naturais, guerras ou aguda depressão econômica. 

“Seria razoável pensar que o custo para estocar alimentos seja proporcionalmente menor que o de armazenar armas”, opinava Samuel em 2008. “Se os alimentos desidratados nutrem os soldados nas guerras, poderão alimentar os desvalidos vitimados pela opressão e pela fome”.

NÚMEROS DO DESPERDÍCIO

Conforme a FAO, o desperdício de alimentos também acontece no transporte industrial em larga escala, nos campos, durante o armazenamento e nos mercados, causando um prejuízo de US $680 bilhões nos países industrializados e US $310 bilhões nos países em desenvolvimento.

A implantação do projeto em tela poderia ser coordenada por governos,  em parceria público privada, como parte das políticas de segurança alimentar, em parceria global com todas as organizações empenhadas em conter esse desperdício, de tudo

que pudesse ser processado pelas plantas de desidratação seria destinado aos bancos de alimentos que distribuiriam de acordo com as necessidades humanitárias.

Para Saraiva, entre outras medidas objetivando a consecução dos objetivos da proposição, paralelamente, poderia ser estudado legislação criando um imposto que penaliza o desperdício de alimentos, em toda cadeia, desde a produção, distribuição, armazenamento e comercialização, convergindo das recursos para o plano global previsto na proposta em tela.

APELO CHEGOU A OBAMA

Em janeiro de 2009, desapontado por não haver obtido resultado maior no Brasil, Samuel enviara novamente a sugestão ao então presidente norte-Americano Barack Obama, fato divulgado discretamente por alguns veículos de imprensa.

“Finalmente, após mais de uma década de formulada a proposta, constatando que a fome se agravou no mundo e nada ou muito pouco foi feito, assisti a uma reportagem realizada pelo fotógrafo de guerra Gabriel Chaim, no programa Fantástico, da Rede Globo, exibido em 5 de dezembro de 2021, mostrando imagens de sofrimento: crianças, mulheres e idosos buscando, famintos, restos de comidas descartadas pelas tropas americanas; senti no âmago a inquietação e consciência do dever de insistir no fomento da ideia”.

Atualmente, ele lamenta “a indiferença à dor do próximo e a falta de empatia que constituem aos olhos da razão, uma forma inequívoca de cumplicidade com os crimes praticados contra a humanidade, motivados pela ganância humana por poder, fama e dinheiro”. 

Para o rondoniense, “os inimigos que desafiam não são os povos e nações destruídos por motivações expansionistas e de hegemonia geopolítica, mas os flagelos que castigam a humanidade”.

“Inadmissível, em pleno século 21, o homem vasculhar o universo em busca de estrelas e fazer-se cego às estrelas valiosas que brilham no interior de cada criatura. (…) A falta de discernimento e de respeito à vida impede a compreensão de que ajudar é um privilégio, jamais um peso, o único caminho para fazer valer o sentimento de compaixão e a prática da solidariedade”.

Essa solidariedade, conforme o missivista, é gratificante, “um dever moral”, razão pela qual “deve ser exercitada por todos, pobres ou ricos, e sobretudo pelos detentores de poder emanado do povo e responsáveis por encontrar soluções justas e dignas”. 

FÉ SEM OBRAS É MORTA”

Em tom espiritual, na carta ao Papa Francisco, Samuel adverte: “Fé sem obras é morta”. “E sem compaixão e justiça, com prioridade à vida acima de interesses frívolos, extravagantes e mesquinhos, não existirá amparo moral que justifique nenhuma existência perante o Universo”.

 Na carta ao presidente Beasley, o brasileiro lembrou ter escrito ao antecessor dele, José Eduardo Barbosa, propondo o desenvolvimento de um projeto para a construção de usinas de desidratação de frutas, grãos e carnes, que compõem os estoques de reserva alimentar dos Estados membros. 

O objetivo do projeto seria processar alimentos de modo a aumentar o prazo útil dos estoques, buscando evitar desperdícios e simplificar a distribuição em situações emergenciais. Segundo Samuel, o noticiário da mídia no mundo evidencia a morte inaceitável de milhares de pessoas por fome, enquanto grandes quantidades de alimentos são descartadas devido ao vencimento dos prazos de validade.

“A criação de estoques seguros, com longa vida útil, para atendimento emergencial ao cidadão, deve ser considerada uma política pública de caráter estratégico e prioritária em todas as nações”, exortou.

Lembrou que a Feeding America, maior organização de combate à fome dos EUA, administra mais de duzentos bancos de alimentos espalhados por todo o país, comprovando a viabilidade e importância, conforme noticiou a BBC News Washington, em reportagem assinada pela jornalista brasileira Mariana Sanches, em 4 de janeiro de 2021.

Lembrou Samuel da alarmante constatação de desperdício devido à degradação precoce dos alimentos causados por infraestrutura inadequada e inexistência de embalagens e outros procedimentos que impeçam a contaminação.

EGÍPCIOS ESTOCAVAM, HÁ 4 MIL ANOS

“De acordo com estimativa preparada por cinco agências da ONU, (SOFI) 2020, sobre o número de pessoas que passam fome no planeta, sabemos hoje que 811 milhões de pessoas sofreram com a fome, um aumento de 161 milhões em relação a 2019”, assinalou.

Há mais de 4 mil anos, sem as vantagens tecnológicas da atualidade, os egípcios estocavam com relativo sucesso alimentos para o abastecimento em longos períodos de escassez, numa demonstração exemplar de maturidade e estratégia correta de fortalecimento das relações bilaterais e multilaterais na expansão inteligente de liderança.

“Nos anos 1960, no mandato do presidente John Fitzgerald Kennedy, os EUA criaram um programa para assistir as populações sul-americanas: fora batizado de Aliança para o Progresso e durou até 1969; eu mesmo, entre milhares de crianças fomos beneficiados no Brasil e na América Latina”, acrescentou.

EXPLICANDO

De acordo com o cientista John Barley, a chamada Freeze drying [liofilização, desidratação por sublimação] se dá com etapas obrigatórias.

 Na seguinte forma:

 Pré-tratamento/formulação

Carregamento/destinatário (granel, frasco, frascos)

Congelamento térmico) à pressão de pressão

Secagem primária (sublimação) sob encomenda

Secagem Secária (dessorção)

Remoção do produto seco do liofilizador

“Além de proporcionar uma vida útil prolongada, uma liofilização bem-sucedida deve produzir um produto que tenha um tempo de reconstituição aceitável”, explica o cientista. “O processo deve ser repetível com parâmetros de temperatura, pressão e tempo bem definidos para cada etapa. As características visuais e funcionais do produto seco também são para muitas aplicações”, ele garantiu. 

DOCUMENTOS

CARTA ABERTA AO PAPA FRANCISCO

A face cruel e criminosa da fome no Mundo

Washington DC., 25 de Janeiro de 2022

Querido Papa Francisco,

Honra-me dirigir-me a Vossa Santidade e expressar, antes de tudo, minha admiração pelos vossos esforços em prol da paz e da justiça social, combatendo as desigualdades entre os povos, origem da violência crescente no mundo. 

Há mais de uma década, submeti ao então Presidente Obama, ao Presidente da FAO/ONU e ao Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil, uma proposição que, se implementada, poderia contribuir efetivamente para amenizar a fome que flagela vergonhosamente populações em áreas afetadas por desastres naturais, guerras ou aguda depressão econômica. O uso da tecnologia existente para desidratação de alimentos naturais em larga escala permitiria a conservação e o aproveitamento de milhares de toneladas de alimentos que são atualmente desperdiçados por diferentes causas, e, em uma segunda etapa, a formação de bancos de alimentos em regiões vulneráveis a problemas sócio-econômicos e desastres naturais, facilitando a legítima e urgente ajuda humanitária com alimentos.

Seria razoável pensar que o custo para estocar alimentos seja proporcionalmente menor que o de armazenar armas. Contudo, propostas dessa natureza não tocam facilmente a alma daqueles que possuem a responsabilidade de encontrar soluções para os problemas que mortificam sobretudo os mais vulneráveis. Há indiferença à dor do próximo; e a falta de empatia constitui, aos olhos da razão, uma forma inequívoca de cumplicidade com os crimes praticados contra a humanidade, motivados pela ganância humana por poder, fama e dinheiro. Os líderes mundiais devem evoluir para a consciência de que o inimigo que nos desafia e que devemos solidariamente combater são os flagelos que castigam a humanidade, os inimigos não são os povos e nações destruídos por motivações expansionistas e de hegemonia geopolítica, a qual é dimensionadora de desgraças e não contribui para o encontro de soluções dignificantes e inadiáveis. A fome não espera.

Vossa Santidade, mais que ninguém, possui a autoridade moral e a sensibilidade para determinar um minucioso exame da proposição, com vistas a liderar homens de boa vontade na formação de parcerias para  implementação da proposição que ora defendo. O simples reconhecimento público de sua factibilidade e importância daria visibilidade à proposta, incentivando o acolhimento da mesma. 

É inadmissível, em pleno século 21, o homem vasculhar o universo em busca de estrelas e fazer-se cego às estrelas valiosas que brilham no interior de cada criatura, e apagam-se na escuridão do egoísmo e da indiferença que atentam contra todos os valores da humanidade. A falta de discernimento e de respeito à vida impede a compreensão de que ajudar é um privilégio, jamais um peso, e que o único caminho para justificar a passagem por esse plano, e alcançar a preparação para o pós-vida no plano espiritual, se resume ao sentimento de compaixão e a prática da solidariedade.

Perdoe-me pelo alongamento do texto mas a importância do tema nos força a reflexões de natureza filosófica. Inegavelmente, a gratificante sensação do dever cumprindo, na breve passagem pelo plano material, depende da capacidade de discernimento, e do entendimento de que a solidariedade, muito mais que um privilégio, é um dever moral e deve ser exercitada por todos, pobres ou ricos, e sobretudo pelos detentores de poder emanado do povo e responsáveis por encontrar soluções justas e dignas. Essa é a única maneira de nos livrarmos dos vergonhosos títulos de hipócritas, desalmados, egoístas e omissos. É inconcebível a pretensão de coexistência em paz quando uns poucos vivem o sonhado paraíso consumista, indiferentes às penúrias que castigam impiedosamente milhares de seres esquecidos. A presunção dos que acreditam na benevolência e no perdão de um ser superior após a morte física transforma-se em vislumbre improvável. Esquecem-se de que “fé sem obras é morta” e que, sem compaixão e justiça, sem a priorização da vida acima de interesses frívolos, extravagantes e mesquinhos, não existirá amparo moral que justifique nenhuma existência perante o Universo; os deuses que invocam em busca de salvação, se existirem, não os escutarão.

Profundamente confiante na atenção que deverá dispensar a essa sincera solicitação, e por isso muito agradecido, coloco-me à disposição de Vossa Santidade e seu competente staff e reitero os votos de profunda admiração e fraterno apreço.

A seguir, submeto a Vossa Santidade o teor integral da mensagem enviada simultaneamente ao presidente da FAO, a Sua Excelência e ao Presidente Americano Joe Biden.

Atenciosamente,

Samuel Sales Saraiva

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David Muldrow Beasley

President of the WFP Executive Board

Via Cesare Giulio Viola 68/70

Parco de Medici

00148 – Rome – Italy

Olney, MD – 20 de Janeiro de 2022

URGENT

Súmula: Propõe a construção de plantas para a desidratação de alimentos e a construção de “bancos armazenadores” em regiões consideradas vulneráveis.

Presidente Beasley,

Em 2008 (14 anos atrás) escrevi a seu antecessor na Presidência da WFP, José Eduardo Barbosa, propondo o desenvolvimento de um projeto para a construção de usinas de desidratação de frutas, grãos e carnes, que compõem os estoques de reserva alimentar dos Estados membros. Ante a realidade agravada do crescente número de vítimas fatais da fome, tomei a iniciativa de dirigir-me a Vossa Excelência. O objetivo do projeto seria processar alimentos de modo a aumentar o prazo útil dos estoques, buscando evitar desperdícios e simplificar a distribuição em situações de emergência. Evidenciam a importância do projeto as frequentes notícias sobre a morte inaceitável de milhares de pessoas por fome, enquanto grandes quantidades de alimentos são descartadas devido ao vencimento dos prazos de validade, além da degradação decorrente do armazenamento precário de cereais naturais, na forma como vem sendo processado pela companhia Sopakco, sediada em Mullins, e a Oregon Freeze Dry, para alimentação dos nossos militares. Essas empresas poderiam, eventualmente, subsidiar estudos ou mesmo participar em parceria de natureza publico-privada, juntos a outra existentes em outros países, tendo em vista a consecução dos objetivos propostos.

Em outra mensagem, sugeri também a WFP adoção de ações efetivas visando estimular os governos e o setor privado a construir tais usinas, ressaltando que o investimento será consideravelmente menor do que os prejuízos atualmente sofridos devido às condições inadequadas de armazenamento, ressaltando que tal iniciativa ocupará um espaço vital entre o atual desperdício de alimentos e a demanda por alimentos em áreas de conflito ou desastre natural, reduzindo as fatalidades decorrentes da fome. A criação de estoques seguros, com longa vida útil, para atendimento emergencial ao cidadão, deve ser considerada uma política pública de caráter estratégico e prioritária em todas as nações.

Recomendável também seria que, exortados pela WFP, os Estados-Nações incentivassem o estabelecimento de reservas em Bancos de “Alimentos de alimentos” desidratados para as populações mais vulneráveis a instabilidades políticas ou desastres naturais, bem como outras ameaças que possam gerar escassez extrema de alimentos. Isso possibilitará que as entidades de ajuda humanitária possam fornecer, nesses casos, a assistência necessária, em tempo hábil, graças à tecnologia de conservação disponível.

A construção de “Bancos de Alimentos” é imprescindível. A Feeding America, maior organização de combate à fome dos EUA,  administra mais de 200 bancos de alimentos espalhados por todo o país, comprovando a viabilidade e importância – noticiou a BBC News Washington – em reportagem assinada pela jornalista brasileira Mariana Sanches, em 4 de janeiro de 2021. 

JUSTIFICAÇÃO

Sr. Presidente,

Congratulo Vossa Senhoria pela sensibilidade e notável dedicação na condução da WFP na busca de soluções para o problema alimentar que castiga, sem piedade, grande parcela da população do planeta, projetando políticas alimentares globais, examinando, modificando ou aprovando projetos para atender às necessidades nutricionais humanas.

Tomo a liberdade de submeter à sua consideração uma proposta que visa incentivar a construção de usinas para a desidratação de alimentos em larga escala: carnes, tubérculos, como batata-doce, inhame e mandioca, além de cereais, frutas e verduras. Os alimentos desidratados poderão ser armazenados em bancos de alimentos, a serem estabelecidos nas regiões mais vulneráveis. 

A maioria das nações, além de não possuírem uma rede de bancos de alimentos, ainda enfrentam problemas de desperdício decorrentes do precário armazenamento, vulnerável a mudanças climáticas, desastres, roedores, bactérias e fungos. Os pequenos e médios produtores são os que mais sofrem com esses danos.

É alarmante a constatação de desperdício devido à degradação precoce dos alimentos, decorrente da infraestrutura inadequada e da inexistência de embalagens e outros procedimentos que impeçam a contaminação. É uma realidade inconcebível diante dos milhões de pessoas que passam fome.

De acordo com estimativa preparada por cinco agências da ONU, (SOFI) 2020, sobre o número de pessoas que passam fome no planeta, o quadro da insegurança alimentar e nutrição no mundo é alarmante. “Até 811 milhões de pessoas sofreram com a fome”, um aumento de cerca de 161 milhões em relação a 2019.

A comida desidratada seria recebida como “maná dos céus”por aqueles que sofrem o flagelo da fome. Bastaria adicionar água e a refeição pré-cozida, rica em nutrientes, estaria pronta.

Os múltiplos desdobramentos positivos que poderão resultar da execução desta proposta fazem-me acreditar que ela se alinha perfeitamente com os objetivos perseguidos pela tão importante instituição que preside, de combate à fome, em particular nos casos emergenciais, merecendo um estudo técnico minucioso para implementação.

A construção de usinas com capacidade tecnológica para transformar estoques de alimentos do estado natural para desidratados, ou mesmo para o estado pré-cozido, além de estender o tempo de conservação (5 a 6 anos, em média), fortaleceria a segurança alimentar mundial. Isso possibilitaria a doação de tais provisões, antes do prazo de validade, para populações carentes, sob a coordenação da FAO, e dos respectivos países, evitando assim o desperdício de alimentos, que ridiculariza e desafia a inteligência humana.

Ressalta-se que a desidratação de alimentos reduz ainda o custo do transporte, na medida em que diminui o volume e o peso, e facilita a transferência dos estoques entre regiões, bem como entre países, alcançando mais facilmente as áreas sujeitas a desastres naturais, conflitos políticos ou pobreza extrema decorrente das desigualdades sociais e econômicas.

Se faz oportuno ressaltar que há mais de 4 mil anos, sem as vantagens tecnológicas da atualidade, os egípcios estocavam com relativo sucesso alimentos para o abastecimento em longos períodos de escassez, numa demonstração exemplar de maturidade e estratégia correta de fortalecimento das relações bilaterais e multilaterais na expansão inteligente de liderança.

Nos anos 1960, no mandato do presidente John Fitzgerald Kennedy, os EUA criaram um programa para assistir as populações sul-americanas. Foi batizado de “Aliança para o Progresso” e durou até 1969 – eu mesmo, entre milhares de crianças fomos beneficiados no Brasil e na America Latina.

As recessões e as pandemias como as da Covid 19 e suas variantes, são agravantes que ampliam a insegurança alimentar, castigando países ricos e pobres.

Além de Vossa Excelência e dos membros dessa Comissão Executiva, gostaria de informar que compartilharei esta proposta com Sua Excelência, o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, devido ao entusiasmo e seriedade que tem demonstrado em busca de soluções práticas para esse flagelo tão inadmissível, considerando que o planeta dispõe de tecnologia e infraestrutura para resolver esse problema que macula a própria dignidade humana. Se os alimentos desidratados nutrem os soldados nas guerras, poderão alimentar os desvalidos vitimados pela opressão e pela fome. Estou confiante de que, de igual maneira, o presidente dos EUA haverá de prestar a atenção que a questão em pauta merece.

Propostas capazes de diminuir as desigualdades demandam a verdadeira grandeza de um ser humano, sobretudo, a boa vontade e a consciência de que, em última análise, de nada adiantam os avanços tecnológicos se o homem não puder existir dignamente, com empatia, em um mundo de paz.

Para compreender o alcance da utilização das tecnologias de desidratação de alimentos in natura, em larga escala e com objetivos humanitários, seria interessante que os formuladores das políticas públicas se permitissem conviver por uma semana com uma familia flagelada e faminta, depois de verificarem, in loco, o descarte de toneladas de grãos em todo mundo, principalmente nos países desenvolvidos, constituindo um desperdício imoral de alimentos, decorrente de uma conjugação de fatores, com destaque à falta de vontade política que impede a correção estrutural de tamanha insanidade.

Por fim, desejando a Vossa Excelência êxito em sua gestão, e confiante de que não será insensível ao exposto, coloco-me à disposição de sua equipe.

Cordialmente,
Samuel Sales Saraiva

MODELO 

A foto exibe um modelo de produto elaborado com a tecnologia sugerida no projeto. (Esse contém Uvas).  Embalagem segura e leve, facilita qualquer logística de distribuição.

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HISTÓRICO DA PROPOSIÇÃO

• A referida proposta foi elaborada em abril de 2008 e submetida ao Dr. José Eduardo Barbosa, então Presidente da Comissão Executiva da FAO, que, em ofício de 22 de abril de 2008, informou haver compartilhado a proposta com“relevantes divisões técnicas”. 

• Em 28/04/2008, o então Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, ao tomar conhecimento, informou, no ofício COR/GP/PR: 635/2008, haver requerido análise e eventuais providências.

• Desapontado por não ver nenhum avanço, decidi, em 18 de janeiro de 2009, submeter a sugestão ao então Presidente Norte-Americano Barack Obama, fato divulgado discretamente por alguns veículos de imprensa.

• Finalmente, após mais de uma década de formulada a proposta, constatando que a fome se agravou no mundo e nada ou muito pouco foi feito, assisti a uma reportagem realizada pelo fotógrafo de guerra brasileiro Gabriel Chaim, no programa Fantástico, da Rede Globo de televisão, exibido em 5 de Dezembro de 2021. Impressionado com as imagens de sofrimento, onde se viam crianças, mulheres e idosos buscando, famintos, restos de comidas descartadas pelas tropas americanas, senti no âmago a inquietação e consciência do dever de insistir no fomento da ideia.

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*Cidadão americano nascido no Brasil, ex-membro do National Press Club de Washington DC – NPB, e da National Association of Hispanic Journalist – NAHJ. Humanista e ativista independente atuando pela Preservação Ambiental do Planeta, foi também Suplente de Deputado Federal na 47a Legislatura pelo Estado de Rondonia.

Contato:
E-mail: samuelsalessaraiva@gmail.com
WhatsApp: +1 202 999 9078

7 thoughts on “Fome: desidratação de alimentos perecíveis e “bancos armazenadores” para aliviar populações famintas vítimas de guerra, catástrofe natural ou extrema pobreza.

  1. Jose Guedes says:

    Eh motivo de orgulho ver um brasileiro, amazônico, um pensador, sempre ativo na busca de soluções para o Brasil e para a humanidade.
    José Guedes

  2. Vanessa Guerra says:

    Que tão boa iniciativa Sam. Você sempre teve minha admiração e agora muito mais. O mundo está precisando de mais pessoas como você. Além da sua admirável iniciativa, parabenizo-o também pela persistência.
    Vanessa Guerra

  3. Jose Amaral says:

    Os caminhos políticos nem sempre pendem para beneficiar o povo. Só com perseverança e pressão popular as mudanças acontecem. Pessoas como você fazem a diferença no mundo. Congratulações.
    Jose Amaral

  4. Oscar Montalvo says:

    Hola Samuel,
    Realmente la propuesta es muy interesante y educativa desde diferentes ángulos. Un profundo contenido social, innegable su alcance.
    Felicitaciones.

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