Da Superficialidade à Arte de Não Compreender: Fé, Amor e Convicções Rasas

Encantam-se com palavras e chamam isso de profundidade.
Confundem eloquência com verdade
e convicção com compreensão.

Leem livros ditos sagrados,
defendem-nos com fervor
— alguns até matam por eles —
mas falham no gesto elementar de praticar
aquilo que juram acreditar.
A fé vira identidade, não transformação;
bandeira, não caminho.

Disperdiçam a vida ouvindo mensagens
que jamais assimilam,
palavras que não atravessam o caráter
nem se traduzem em empatia.

O mesmo ocorre no amor:
fala-se muito, pratica-se pouco.
Sonha-se demais, alimentam-se ilusões,
mas esquece-se que, para realizá-las,
são necessárias atitude e coragem.
Promessas são recitadas,
gestos são evitados.
Ama-se a ideia do outro,
não o outro real.

Assim seguem,
com a segurança arrogante de quem não entendeu nada,
repousando nas águas rasas da razão, da fé
e dos afetos,
onde nunca se perde o pé,
nunca se corre o risco de mudar
e jamais se confunde discurso
com consciência.

_____________

ENGLISH

From Superficiality to the Art of Not Understanding: Shallow Faith, Love, and Convictions

They delight in words and call it depth.
They mistake eloquence for truth
and conviction for understanding.

They read books labeled sacred,
defend them with fervor
— some even kill for them —
yet fail at the most basic act:
practicing what they claim to believe.
Faith becomes identity, not transformation;
a banner, not a path.

They waste their lives listening to messages
they never assimilate,
words that never shape character
nor become empathy.

The same emptiness governs love:
much is said, little is done.
They dream excessively, feed on illusions,
yet forget that bringing them to life
requires action and courage.
Promises are recited,
gestures are avoided.
They love the idea of the other,
not the real person.

And so they proceed,
with the arrogant confidence of those who understood nothing,
resting in the shallow waters of reason, faith,
and affection,
where one never loses footing,
never risks change,
and never mistakes discourse
for consciousness.

______________

ESPAÑOL

De la Superficialidad al Arte de No Comprender: Fe, Amor y Convicciones Superficiales

Se deleitan con palabras y lo llaman profundidad.
Confunden elocuencia con verdad
y convicción con comprensión.

Leen libros rotulados como sagrados,
los defienden con fervor
— algunos incluso matan por ellos —
pero fracasan en el acto más básico:
practicar lo que dicen creer.
La fe se vuelve identidad, no transformación;
bandera, no camino.

Desperdician la vida escuchando mensajes
que jamás asimilan,
palabras que no moldean el carácter
ni se convierten en empatía.

Lo mismo ocurre en el amor:
se dice mucho, se hace poco.
Se sueña en exceso, se alimentan ilusiones,
pero se olvida que para realizarlas
hacen falta actitud y valentía.
Las promesas se recitan,
los gestos se evitan.
Se ama la idea del otro,
no al otro real.

Y así continúan,
con la arrogante seguridad de quien no entendió nada,
reposando en las aguas poco profundas
de la razón, la fe y los afectos,
donde nunca se pierde el equilibrio,
nunca se arriesga el cambio
y jamás se confunde el discurso
con la conciencia.

Leave a Reply

Your email address will not be published.