É possível aferir a maturidade ou sabedoria de alguém apenas pelas suas palavras, defende Isabel W. Cabrera, doutora em Psicologia Social. As frases que uma pessoa usa frequentemente, podem ser interpretadas como hábito linguístico, ou simplesmente a ausência de conhecimento, demonstrando que a pessoa não é tão madura e sábia quanto acredita ser:
1. “Não é minha culpa”
Quando uma pessoa usa frequentemente a frase “Não é minha culpa”, evidencia falta de maturidade e sabedoria. Isso ocorre porque pessoas maduras e sábias geralmente são capazes de assumir a responsabilidade por suas ações e aceitar quando cometem um erro. Ao transferir constantemente a culpa para os outros, ela está evitando o crescimento pessoal e desperdiçando a oportunidade de aprender com suas experiências.
Esta frase é frequentemente usada como mecanismo de defesa para se proteger de críticas ou fracassos, mas serve apenas para impedir o desenvolvimento pessoal a longo prazo, e a ausência de um bom caráter.
2. “Não consigo”
A frase “Não consigo” é outra frase comum que pode indicar falta de maturidade e sabedoria.
Em vez de considerar as possibilidades e procurar soluções, esta frase confirma uma tendência a desistir facilmente diante dos desafios, sinalizando falta de confiança ou medo do fracasso.
Uma abordagem mais madura e sábia seria dizer: “Vou tentar o meu melhor” ou “Vamos encontrar uma maneira de fazer isso funcionar”. Estas respostas mostram uma vontade de aprender, adaptar-se à realidade e crescer.
3. “Não preciso de conselhos”
Dizer “não preciso de conselhos” é outra frase que sugere falta de maturidade e sabedoria. É natural ter orgulho das nossas capacidades, mas também é importante reconhecer que não temos todas as respostas.
Admitir que precisamos de alguma orientação não nos torna menos competentes. Em vez disso, mostra que estamos abertos à aprendizagem e à melhoria – sinais importantes de maturidade e sabedoria.
4. “Eu sei tudo”
Personificação plena do termo “ultracrepidário” (Que ou quem dá opiniões sobre um assunto que desconhece ou de que conhece pouco), acendendo a luz vermelha quando se trata de maturidade, senso de ridículo e sabedoria. Afirmar que “sabe tudo”, e não precisa mais aprender sobre determinado tema, não só demonstra arrogância, mas também uma mente fechada.
Na verdade, as pessoas que pensam que sabem tudo têm maior probabilidade de subestimar as suas capacidades, um fenômeno conhecido como efeito Dunning-Kruger. Isso pode levar a uma má tomada de decisões e à falta de crescimento pessoal, podendo impor um elevado ônus a ser pago.
Uma pessoa madura e sábia demonstra humildade e realismo para entender que sempre há mais para aprender e espaço para melhorias, não importa quão experiente ela seja. Todos temos algum conhecimento necessário para ascensão uns dos outros.
5. “Eu não me importo”
“Eu não me importo” é uma frase que soa o alarme quando se trata de maturidade e sabedoria.
Embora seja saudável ser indiferente a coisas que realmente não nos afetam, expressar constantemente falta de cuidado pode sugerir distanciamento emocional ou falta de empatia.
Somos todos seres dotados da capacidade de interagir com inteligência, e parte da nossa experiência compartilhada é cuidar dos outros e do mundo que nos rodeia. Seja um amigo passando por um momento difícil ou uma causa que precisa de atenção, mostrar que nos importamos, expressando com claridade uma visão diferente do problema, não significa desrespeito ou crítica, mas um choque de realidade oferecido a quem consideramos, é um sinal de maturidade emocional e sabedoria.
Demonstra a nossa capacidade de nos colocarmos no lugar das outras pessoas, compreender diferentes perspectivas e contribuir positivamente para o mundo que nos rodeia. Isso é um dever moral que transcende posturas filosóficas, religiosas ou ideológicas.
6. “Por que isso sempre acontece comigo?”
A frase “Por que isso sempre acontece comigo?”, sugere também falta de maturidade e penumbra mental.
Muitas vezes indica uma mentalidade de vítima, onde a pessoa se vê como o alvo infeliz das circunstâncias, em vez de assumir a responsabilidade e buscar soluções razoáveis. Sempre haverá formas diferentes para evitar isso. Dimensionar problemas não significa encontrar soluções. A solução começa por identificar a fonte geradora e procurar resolver com serenidade. Mentes confusas ou atormentadas obscurecem a razão.
7. “Eu odeio…”
Quando alguém utiliza repetidamente a frase “Eu odeio…”, seja sobre uma pessoa, uma situação ou até sobre ela mesma, é um sinal de que ela pode não ser tão madura e sábia quanto acredita ser.
O ódio é uma palavra forte, que evidencia claramente descontrole emocional, instintivo, alheia a razão. Usá-la com frequência demonstra que ela está se apegando a emoções negativas em vez de lidar com elas de maneira saudável. Também pode indicar que ela pré-julga precipitadamente e de forma equivocada, sem tentar compreender de forma construtiva ou ter empatia.
A maturidade emocional e a sabedoria vêm com a compreensão de que o ódio é o veneno da alma. Isso não apenas prejudica a pessoa ou coisa a quem você o direciona, mas também desestabiliza sua valiosa paz de espírito.
8. “Estou sempre certo”
A frase “Estou sempre certo” revela um sentimento de tola arrogância e uma relutância em considerar outras perspectivas ou aceitar críticas construtivas.
De acordo com pesquisas, as pessoas que acreditam que estão sempre certas têm menos probabilidade de buscar informações que possam provar que estão erradas, o que impede a ampliação do conhecimento necessário a compreensão, dificultando o crescimento pessoal.
Uma pessoa sábia e madura entende que ninguém é perfeito e todos cometemos erros. Eles estão abertos para aprender com os outros e estão dispostos a mudar seus pontos de vista quando recebem novas informações.
9. “Isso é quem eu sou”
Quando uma pessoa usa frequentemente a frase “Isso é quem eu sou”, sugere falta de maturidade e sabedoria. Esta frase muitas vezes mostra resistência à mudança e falta de vontade de crescer ou melhorar.
Com o avançar da vida com o tempo, pode-se perceber que era apenas uma desculpa para evitar fazer mudanças necessárias para construção de uma pessoa melhor.
A maturidade e a sabedoria vêm com o reconhecimento de que todos nós temos um trabalho em andamento que jamais será concluído. Não há problema em aceitar nossas falhas, mas também é importante trabalhar nelas e buscar melhorias.
10. “Tanto faz”
Esta frase geralmente mostra indiferença e falta de envolvimento ou interesse em uma conversa, ou situação, uma acomodação em alguma “zona de conforto” nem sempre de fato confortável. Acomodação e mediocridade às vezes se tornam homogêneas.
Ser maduro e sábio não significa que você precisa investir profundamente em cada coisa. Mas ignorar as coisas com um desdenhoso “tanto faz” também não é o caminho a seguir.
Pode parecer rude e apático, impedindo oportunidades de conversas significativas, aprendizagem ou resolução de problemas.
Uma abordagem mais madura seria comunicar respeitosamente o desinteresse ou o desacordo, mantendo a mente aberta para diferentes pontos de vista ou novas informações.
11. “Morrerei em meus princípios”
Significa lamentável estagnação e conformismo com ensinamentos enraizados na infância, alguns hereditários e mitológicos, com pleno desprezo da evolução pessoal, em diferentes planos, imprescindível para o alcance da Consciência Cidadã. O termo tem origem do latim principĭum, “significa “origem”, ou “início, associados às proposições ou normas fundamentais que norteiam e regem o pensamento e a conduta.
Há alguns anos, dois livros causaram um enorme espanto na comunidade acadêmica norte-americana. O primeiro deles, Cultural Literacy: What Every American Needs to Know que aborda a ‘Alfabetização Cultural’. O Doutor E. D. Hirsch, documentou que boa parte dos estudantes universitários norte-americanos não têm o conhecimento básico necessário para compreender sequer a primeira página de um jornal, que os permita compreender e agir responsavelmente como cidadãos. Imaginemos essa realidade forçada em populações que se encontram num estágio sócio-cultural mais atrasadas, portanto, prejudicadas na capacidade de estabelecerem um “bom senso” razoável, para orientação de decisões relacionadas à família e a aplicação dos princípios da razoabilidade social.