De Washington, D.C., onde reside, o jornalista brasileiro Samuel Saraiva enviou petição à Casa Branca e ao Palácio do Planalto propondo ampla associação entre o Brasil e os Estados Unidos da América, nos moldes das relações dos EUA com Porto Rico.
“Isso pode ser feito por meio de sites oficiais e privados, objetivando dar visibilidade também ao início de um debate democrático e salutar para os dois países, com reflexos positivos para o continente”, comentou.
Ex-aluno de professores do curso de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB) e do Instituto Rio Branco, a exemplo dos notáveis embaixadores J. O. de Meira Penna e Márcio Cambraia, Pe. José Brande Aleixo e o cientista político David Fleischer, Saraiva se mostra cético quanto ao futuro da Nação: “Na atual conjuntura, em que predomina a postura burocrática arcaica, egoísta e medíocre, enraizada desde a infeliz colonização do País pelo que de pior existia em Portugal, não se pode vislumbrar nenhum fator desenvolvimentista. Lá existia uma realeza prepotente, aristocratas corruptos, prisioneiros que foram ao Brasil cumprir suas penas”.
Saraiva lembrou do tráfico de escravos: “Gente trazida de nações pobres africanas, à força, escravos que culturalmente ofereceram como contribuição o pouco que tinham, e este pouco até hoje não permitiu que nenhuma de suas nações alcançasse o status quo de país do seleto bloco de nações desenvolvidas”.
Influência nefasta
Para o jornalista brasileiro, foi essa influência que resultou na agressão à cultura dos povos indígenas: “Apesar de serem os donos da terra, durante séculos foram roubados e praticamente extintos”. Enfatizou: “Não nos foi possível livrar-nos de colonizadores nefastos, mas temos a responsabilidade e a opção de escolher parceiros que efetivamente contribuam para o desenvolvimento socioeconômico e educativo de que precisamos para mudar a realidade e aspirar a um futuro melhor”.
“Hoje tais objetivos se encontram inviabilizados em decorrência da ação político-diplomática equivocada de aproximar o Brasil de países atrasados, cujo povo se nivela pela miséria crônica e pela falta de alimentos e de bens de consumo básico, dando as costas para nosso maior parceiro, os Estados Unidos”, alertou.
Saraiva também defende prioridade para as relações que defendem o mundo livre e não agridem a ordem internacional, isto é, relações nas quais não se rasguem contratos ou se invadam instalações privadas estrangeiras, além de perseguirem investidores brasileiros. Refere-se o ato desapropriatório do governo Evo Morales, na Bolívia, em prejuízo à Petrobras.
Opção inteligente
O jornalista acredita que a adesão à possibilidade de discutir o tema poderá resultar num fato político importante e eventualmente, no futuro, pautar uma consulta popular ou plebiscito que sirva de parâmetro para que brasileiros e americanos decidam sobre uma associação de Estado-Nação em bases de confiança, cooperação e respeito mútuos, sustentadas por referências históricas e práticas que regulam as relações amistosas de ambos no plano militar, político, diplomático, social e cultural.
Saraiva destaca alguns benefícios que podem advir da ideia. Por exemplo, uma moeda única e forte [o dólar], sem que haja, contudo, necessidade de o Brasil abrir mão do real, como fez a Inglaterra ao manter a libra mesmo com a existência do euro.
Vantagens imediatas previsíveis
•Acesso a todo tipo de bens de consumo que hoje são considerados de luxo e estão acessíveis apenas para as elites endinheiradas.
•Com uma taxa de impostos justa, a medida traria melhoria significativa do padrão de vida da população pelo acesso ao que se tem de melhor nos EUA. “A cobrança de impostos excessiva, de acordo com Saraiva, só revela um governo esperto e eficiente em cobrar impostos, mas ineficiente no combate à corrupção e à sangria do erário por indivíduos desonestos ou quadrilhas de “coronéis” e outros pilantras que há séculos se revestem da pretensa condição de donos do Brasil pela coerção, chantagem, extorsão e crimes de toda natureza, com o único objetivo de dar continuidade ao poder político”.
• Mais eficiência na gestão pública, avanço no processo de privatização de setores ineficientes do Estado e eliminação gradativa dos monopólios.
• Expansão da cooperação militar para proteção territorial por meio de ações conjuntas em ambos os países, bem como consolidação de defesa comum, sem desconfianças paranoicas plantadas por políticas eleitorais falsas e oportunistas que apelidam a influência dos EUA de “imperialismo americano”.
Saraiva observou que essa expressão é a mesma utilizada por alguns vizinhos sul-americanos que ainda “patinam” em pleno processo de globalização, em conceitos ultrapassados, temerosos de invasão e conquistas territoriais.
Direito patrimonial recíproco
Saraiva lembrou que o mesmo direito que um brasileiro possui de adquirir propriedades em qualquer lugar do mundo deve ter, reciprocamente, um estrangeiro no Brasil.
Nesse aspecto, afirma que vale destacar aos desinformados ou às novas gerações que Brasil e EUA eram aliados antes mesmo da Segunda Guerra Mundial, quando seus exércitos lutaram juntos, enquanto uma parte do Brasil defendia e hipotecava publicamente apoio ao nazifascismo. “Desde então o intercâmbio no campo militar tem sido contínuo e recíproco, compreendendo manobras militares conjuntas e capacitação de oficiais, suboficiais e soldados regulares”, assinalou
• Cooperação tecnológica e científica para desenvolvimento mútuo ou atendimento de interesses comuns. Segundo ele, é preciso avançar no processo educativo, e a associação bilateral poderia permitir, num futuro próximo, o reconhecimento recíproco dos títulos outorgados pelo sistema educacional de ambos os países.
Outros desdobramentos positivos
Na visão de Saraiva, a associação bilateral pretendida permitiria, ainda, a evolução socioeducativa inevitável e requerida para maior consciência quanto à proteção da fauna e da flora, dos rios e das florestas contra as queimadas.
• Melhor educação e legislação mais apropriada permitiriam assegurar o respeito à vocação econômica de cada área e a fiscalização mais efetiva com a disparidade de novas tecnologias para o combate às infrações.
Além disso, Saraiva entende que poderiam ser estabelecidas cotas para a pecuária, cujo imediatismo promove a destruição de florestas tropicais na Amazônia e a sua consequente desertificação, o que acaba produzindo mudanças climáticas no planeta.
Outros benefícios: prioridade para a revitalização ambiental de áreas degradadas, mais racionalidade na utilização das riquezas naturais do país e, sobretudo, defende o jornalista, melhor distribuição dos royalties entre a população, que hoje beneficiam uma minoria de burocratas corruptos, enquanto a maioria do povo tem a ilusão de ser dona ou beneficiada com as riquezas nacionais.
• Eliminação de barreiras Imigratórias – No plano imigratório, as restrições de trânsito seriam eliminadas no decorrer do processo pela abolição de visto, garantindo a liberdade de ir e vir, amparando mais de um milhão de brasileiros indocumentados que residem nos EUA.
• Eficácia do Sistema Judicial contra corrupção – Entre outros possíveis desdobramentos, Saraiva destacou o combate rígido à corrupção em ações conjuntas FBI/PF, até que se forme uma nova mentalidade de princípios e valores éticos, com leis mais rígidas e justas inspiradas no direito positivo.
Outra possibilidade seria a adoção da prisão perpétua ou até mesmo o estabelecimento da pena de morte, vigente em alguns estados americanos, após aprovação por meio de referendo popular como remédio para inibir a crescente e alarmante criminalidade, que a cada ano vitima, em média, mais de 40 mil brasileiros.
Integração não é “entregação”
Para Saraiva, integração em bases justas nunca foi ou será sinônimo de entreguismo, assim como aliar-se a alguma causa por identificação filosófica jamais será traição, a não ser na interpretação rançosa, burra e hipócrita de determinados grupos que se amparam no engodo demagógico vazio.
“Tais grupos teriam apoiado a Líbia, os extremistas de uma pseudo-esquerda, e até mostrariam simpatia pelo atraso e pela cultura dos grupos religiosos radicais que, alimentados pela inveja, apregoam a destruição do mundo livre como os EUA e a Comunidade Europeia, não importa se pela prática de atos terroristas, que implicam explodirem-se a sim mesmos. Esse não seria o destino que parcela majoritária da população brasileira merece ou deseja”.
O maior desafio
Em última instância, o funcionamento da integração proposta fortaleceria o sentimento de unidade federativa, “descomprimindo a insatisfação de alguns estados mais avançados do Sul e Sudeste que adjudicam para si o peso de carregar estados de regiões desprivilegiadas e com pequena parcela de contribuição na geração do PIB”.
Entretanto, Saraiva reconhece que o maior desafio reside em conscientizar americanos e brasileiros. “Vencida esta etapa, o tema poderia, então, ser submetido à consulta popular”.
“A discussão democratizada e transparente poderá gerar um fato político”, assinalou, ao concluir as razões de sua petição.
Fonte: US Latin
Montezuma Cruz
Amazônias
Porto Velho (RO)