A extravagante despedida de um homem simples e bem-intencionado que trocaria essas honrarias por solidariedade aos pobres que defendeu em suas falas. As mudanças teóricas de natureza teológica são inúteis e o abismo de desigualdades existente entre RICOS e POBRES não será transposto sem ações de fraternidade e compaixão. A guerra não deve ser entre o bem e o mal, mas, entre a RAZÃO e a IGNORÂNCIA crônica milenar.
Com pensamentos tão díspares, o Papa Francisco deve ter-se sentido prisioneiro da realidade que combatia, clamando por justiça social e pelo fim das crises globais causadas pela ganância, a sede de poder e a falta de consciência dos seres sobre os quais pesa a responsabilidade moral e espiritual de conduzir com decência povos e nações ao bem-estar, a coexistência pacífica e justa para todos.
Simplicidade e frustração do Papa Francisco
Nesse momento, nos corredores e salões suntuosos daquele ambiente que respira a busca pelo poder papal, em meio a lamentos duvidosos, disputa-se agora o comando de uma instituição financeiro-religiosa poderosa que soma mais de um bilhão de fiéis, os quais, em sua maioria, são pobres esquecidos que sofrem e desaparecem sem receber ajuda dos céus, ou daqueles que se dizem representantes de Deus enquanto acumulam tesouros na Terra. Incapazes de doar aos pobres esquecidos tudo o que acumularam, glorificam Jesus Cristo com rezas, mas não praticam seus ensinamentos nem seguem seu exemplo de vida humilde.
O acumulo imoral de riqueza contrasta com os ensinamentos
Essas contradições entre a fé apregoada e as obras geram uma série de perguntas razoáveis e legítimas de fácil resposta, como, por exemplo, cita o livro que propalam considerar sagrado, a Bíblia, e as palavras do homem a quem, por decisão política de Roma, decidiram endeusar e dizem seguir o exemplo: “Não ajunteis tesouros na terra” Mateus 6:19; ou ainda, “vende tudo quanto tens, e dá aos pobres, e tiras um tesouro no céu, e vem, toma a cruz, e segue-me”. Enquanto a miséria, a fome e a morte campeiam massacrando os mais vulneráveis, a igreja católica, por exemplo, cujo valor total do patrimônio é impossível calcular, seus imóveis no mundo são estimados em aproximadamente 3 trilhões de dólares, o compatível com o produto interno bruto (PIB) de países como a Rússia, Índia ou Brasil.
O Banco de propriedade do Vaticano é dono de um ativo e depósitos que somam 6 bilhões de dólares. Enquanto essas indagações tão óbvias seguem sem respostas, quanto o dever moral e espiritual que lhes impõe a doutrina que apregoam para ganhar dinheiro fácil à custa da fé de cidadãos crédulos e sinceros, segue em expansão o número de incrédulos. Pessoas que acreditam que a fé sem as obras é morta, conforme Tiago 2:17, que pontuaria de forma clara: “significa que uma fé verdadeira, genuína e salvadora, deve se manifestar por meio de ações concretas e amor ao próximo, não apenas em crenças e palavras”. Enquanto isso, relatórios oficiais da Organização das Nações Unidas indicam que “cerca de 780 milhões de ”criaturas de Deus” passam fome”.
Desprovidos de qualquer amparo para sustentar uma justificativa minimamente razoável a tanto apego material, de um patrimônio que não interessa a Deus, e preferem usufruir eles mesmos, em total desprezo às promessas de recompensa no paraíso, sobretudo, a metáfora de Jesus, de que, “é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino dos Céus”. Mateus 19:24.
Religiosos e políticos gananciosos ignoram a ética
Essa realidade aponta para a cumplicidade das elites dos Estados-Nações numa visível parcialidade e abandono do povo à mais vil exploração, tanto no pagamento de impostos terrenas quanto celestiais. Os terrenais recebem parcialmente de volta de forma precária em termos de serviços, enquanto os celestiais devem se contentar com a promessa de mansões a serem entregues no plano espiritual, como se espírito necessitasse de morada ao estilo da terra.
Tudo continuará igual no planeta: uns substituirão os outros, enquanto a humanidade seguirá atrelada a dogmas arcaicos, tradições e rituais medievais, desprovidos do sentido que realmente elevaria a consciência humana. Sem excetuar nenhuma organização, observamos a transformação da religiosidade num lucrativo comércio, onde se vendem promessas a serem entregues num plano espiritual hipotético. Terminou o pontificado do Papa Francisco, que partiu libertando-se da materialidade e dos inimigos declarados ou dissimulados com os quais conviveu dentro da própria instituição.
A descarada hipocrisia das elites num desfile nojento
Agora, o ex pontificie está, ironicamente, sendo louvado pelos senhores das guerras, representantes do poder político, militar e econômico do mundo, causadores das desigualdades e de tantas desgraças que castigam impiedosamente a parcela majoritária e vulnerável da população da Terra. Não o escutaram, deram-lhe as costas, e hoje se dirigem a Roma com numerosas comitivas de parasitas a seu funeral, gastando milhares de dólares num turismo-funerário bancado pelos contribuintes desfavorecidos. Contrariam, mais uma vez, a simplicidade do líder religioso que tanto condenou as extravagâncias pagas com o sacrifício de multidões humildes, manipuladas e exploradas. Cristalizam a hipocrisia que lhes serve de máscara, numa cerimônia fúnebre mais triste que o próprio funeral — uma homenagem póstuma que contraria a vontade do morto, com um desfile de ostentação, poder, vaidade e desperdício, constituindo um escárnio à realidade dos que sofrem, e uma absoluta falta de bom senso e respeito.
Discrepância, falácia e mentira em nome de Deus
Evidencia-se uma realidade imoral na qual os discursos elogiosos desprovidos de sinceridade exortam solidariedade, fraternidade, compaixão e piedade, mas se contradizem com a perversidade covarde das guerras motivadas pela busca doentia de poder e riquezas. Esquecem-se de que TUDO fica ao cruzarmos a linha dimensional que separa a vida material da espiritual. Como ratazanas vorazes sem qualquer racionalidade, deixam para trás a destruição irreversível do meio-ambiente, entre outras mazelas absurdas.
Aplausos a eterna comédia
Com lágrimas pouco credíveis, sorrisos e abraços aparentando cordialidade, os egoístas, corruptos e hipócritas dissimulam a vergonhosa maldade que carregam na própria essência. Distanciados da razão e alheios aos sentimentos mais elementares de respeito e consideração pela raça humana, continuarão a praticar a irracionalidade de guerras por hegemonia e riqueza, e derramando de forma covarde e injustificável o sangue dos justos. Os prolongados aplausos de despedida não conseguiram abafar o clamor legítimo daqueles que sofrem e morrem no anonimato, à espera de respeito à vida, solidariedade e dignidade. O alívio ao sofrimento humano se dá com ações de solidariedade e compaixão, não apenas com oração. Alheia a isso, a humanidade continuará assistindo a obra eterna de um circo macabro, insano e, sobretudo, vergonhoso.
“Ignorância somada ao fanatismo religioso leva ao terrorismo.
Ignorância e poder leva à tirania.
Ignorância e democracia corrompida criam o caos.
Ignorância somada ao dinheiro dá origem à corrupção.
A ignorância somada à pobreza faz o crime prosperar.
Ignorância faz o homem esquecer que TODOS somos iguais, diferenciados apenas pela capacidade de discernir.
O maior perigo social é a ignorância.
A ignorância é a raiz de todo mal que castiga e envergonha a humanidade!”