O mito “Deus”, resultante da imaginação fantasmagórica, motivadora da destruição, miséria, exploração, sofrimento e atraso milenar obstaculariza a evolução humana, impossibilitando a leitura correta da realidade. Um vácuo de discernimento causado pelo bloqueio mental coletivo .
“PRINCÍPIOS” QUE IMPEDEM ALCANCAR O “MEIO” E “FIM”
Nascido num berço cristão não tive opção de uma visão distinta da religiosidade. Igualmente teria sido se houvesse nascido em um ambiente budista, maometano, judaico, hinduístas ou qualquer outro, teria recebido como “princípios” a doutrina familiar, sentenciado a manter-me fiel a eles até o fim da existência. Afinal, esse vício hereditário que mantém gerações após gerações condicionadas a manter a tradição religiosa, hipotecando fé inquestionável aos fundamentos de determinada religião, na qual dizem se relacionar com Deus, mas, revestidos de latente hipocrisia evidenciada na discrepância entre uma fé cega e doentia pronta pra qualquer revanche, contraposta a ausência plena de obras que os identifique como religiosos, sem abrir mão da ilusão de “salvação”. Insensatamente se voltam a Deus com súplicas insistentes buscando facilidades desmerecidas. Pior, dispondo da capacidade de poder discernir, se propalam “escolhidos” e esperam sem esforço algum que a capacitação aconteça por milagre divino, permanecem confortavelmente numa inércia letargia sem saber se estão vivos ou mortos. Caminham pela insensatez crônica aferrados ao legado que herdaram dos antepassados e os aceitaram cegamente como princípios ‘sagrados’ absolutos e inquestionáveis, usados como fonte única com a qual tentam explicar fenômenos ou indagações, cujas respostas estão muito além do alcance da compreensão humana.
COMO SUPEREI O TERROR QUE IMPEDIA QUESTIONAR
Por alguma inquietude natural, desde os tenros anos da chamada ‘idade da razão’ sentindo a pressão constante por acreditar em algo que não me sentia confortável para hipotecar credibilidade plena, fui aos poucos ousando questionar a verdadeira necessidade de apenas aceitar aquelas informações que me pareciam arcaicas e desprovidas de veracidade credível. Iniciava-se uma batalha interior para ousar exercitar e me permitir discernir, considerando um universo maior de informações que servissem de contrapontos a tanta simbologia mitologia e teorias, para mim desprovidas de evidências razoáveis fora da limitada e sectária interpretação religiosa cristã. Naquele contexto, um dos principais desafios era o de me permitir questionar, buscando formatar opinião libertando-me do sentimento de estar desafiando os princípios que me foram passados como “sagrados” por aqueles que, mesmo sinceros e bem intencionados, defendiam sua fé usando argumentos advindos da ignorância com a qual tiravam conclusões e explicavam a realidade presente e o futuro com impressionante convicção a partir da presunção que aquela base de conhecimento embrionário, arcaico e tradicional estivesse completa e fundamentada na mais absoluta verdade.
Foi extremamente difícil me permitir questionar coisas que me lavaram o cérebro de forma a condicionar-me a não questionar o “sagrado” para não ofender a Deus ou na pior hipóteses provoca-lo.
Nessa limitação meus pais se despediram desse plano com a ilusão de um paraíso no qual viveriam em energia ao lado de um Deus sentado em trono de ouro, rodeado de anjos, em uma cidade onde os rios seriam de leite e mel e as ruas de ouro. Mas se seriam energia não haveria necessidade de trono, nem asas, nem ruas, nem fome ou sede de leite e mel. Aliás, essa descrição imaginária (ou biblicamente prometida) nunca me entusiasmou, apesar de desejar a eles que encontrem esse lugar que acreditaram existir e possam sentir satisfação plena.
Me entusiasma pensar que no universo a matéria apenas se transforma, assim como a energia, igualmente mutável, no obstante indestrutível. Essa dedução razoável nos garante portanto a continuidade de existência em alguma forma, depois da exaustão física relegando ao improvável conjecturas pretensiosas e meramente especulativas sobre o eterno, o desconhecido, o invisível e o intangível.
RE-EXAME DA HISTÓRIA COM NOVAS FERRAMENTAS METODOLÓGICAS E CIENTÍFICAS
Com o avançar dos anos e a contribuição advinda da experiência acadêmica e das pesquisas no campo das Ciências Políticas e Sociais, me distanciei irremediavelmente de qualquer influência de natureza religiosa, eliminando plenamente qualquer possibilidade de outorga de fé a teorias religiosas, majoritariamente monetaristas, manipuladoras e do ponto de vista ético, ou sob qualquer padrão moral, inqualificáveis pela prática de um crime de fato responsável por conflitos, de custaram a vida de milhões de seres humanos inocentes ao longo de todas as civilizações que temos registro e no presente, infiltradas no poder público de Estados-Nações. Associadas a sistemas políticos corruptos a comércio religioso secular, mantém parcela majoritária das populações do planeta subjugadas através do efetivo marketing de dominação, com técnicas de terrorismo e amedrontamento coletivo, apregoando predições “apocalípticas”, garantindo a exploração e aumentando as desigualdades ante a ausência de leis coercitivas que coíbam ou estabeleçam limites éticos, a letargia irresponsável dos respectivos sistemas de justiça.
CERCEAMENTO E ACOMODAÇÃO INJUSTIFICADA
Não é justo impedir a humanidade atualizar-se através da compreensão correta dos eventos e registros históricos, reexaminando “idéias” ou “percepções” sobre o que ocorreu há milhares de anos. A cadeia de transformações decorrentes da dinâmica continua verificada nos mais diversos planos da existência humana, precisa ser bem compreendida e o homem liberto dos dogmas arcaicos e surreais que aprisionam ao atraso parcela majoritária de indivíduos culturalmente formatados a resolverem problemas olhando para cima a espera de intervenção divina numa acomodação absurda, incentivados por convicções religiosas, enquanto uma pequena parcela da humanidade que se dedica ao estudo científico, encontra soluções pelo desenvolvimento do discernimento que de prêmio os privilegia com a possibilidade de avançar desvendando segredos do universo e a cura física e mental dos que não são atendidos ou salvos da morte pelo Deus que acreditam existir.
CONTRADIÇÕES INJUSTIFICÁVEIS DOS DOIS LADOS: “CRIADOR” E “CRIATURAS”
O mesmo Deus que privilegia os maus com riqueza, saúde, sexo, poder e impunidade e com uma porção totalmente injusta permite a morte, o sofrimento, a fome, o flagelo e as desgraças de inocentes ou justos de todas as idades, inclusive os que o adoram e dedicam suas vidas no cumprimento fiel das normas que acreditaram serem divinas. Outros partem mutilados agonizando em intensa dor física, protestando com legitima indignação pela injustiça incontestável que os vitimizam sem conseguir entender por que foram desamparados pelo “Criador”.
A FRÁGIL TEORIA DO CRIACIONISMO
O sentido da expressão “Deus” margeia o inútil, e se resume a criação fértil da mente na qual a humanidade, a vida, a Terra e o universo são resultado da criação por um ser sobrenatural. Enquanto pesquisas científicas produzem conclusões que contradizem a interpretação criacionista literal propagada por escritos arcaicos considerados sagrados, os defensores da teoria criacionista contestam o processo de evolução dos organismos vivos, a ideia da origem comum, a história geológica da Terra, a formação do sistema solar e a própria origem do universo. Nenhuma teoria lógica ou científica permite sustentar que a existência de Deus é algo mais que uma Ilusão, a não ser no plano teórico surrealista imposto pela fé.
A LAVAGEM CEREBRAL IMPOSTA AS CRIANÇAS
Acreditar em uma divindade, religião ou crença é consequência da formatação imposta na mente desde os primeiros exercícios mentais na primeira infância, e a dificuldade que temos em não compreender a razão da existência de algo, nos impõe como hábito o conformismo cômodo de suplicar soluções a um Deus imaginável a quem atribuímos onisciência, onipresença e imortalidade. Inegavelmente o cérebro tende a depositar todo o desconhecido numa divindade restrita ao imaginário.
Alguns desse livros surgiram a pouco mais de dois mil anos, como poderiam aqueles homens leigos e desprovidos de conhecimento científico, informações razoáveis, ou registros históricos explicar a criação do Universo com mágicas de um Deus hipotético? Impossível seria, outorgar qualquer credibilidade a tais escritos pela ausência de lógica, razão e evidências. A fé, independentemente de religião é o contra-ponto da inteligência humana alicerçada no irrazoável. Inspirada numa historicidade de figuras mitológicas ou endeusadas em relatos de morte e ressurreição de conteúdo meramente visionário.
UMA VIS ÃO AFIRMATIVA SOBREPOSTA A SECTARISMO RELIGIOSO
Enfim, consolidei provisoriamente a percepção que a expressão “Deus” não passa de mito alimentado pela imaginação humana e algumas carências, conveniências, medos e até mesmo preguiça quanto ao desenvolvimento da razão facilmente identificados e entre eles poderia destacar: o sentido de proteção adquirido a partir da formação do ventre materno; o medo de sentir-se só no Universo; o desejo pretensioso de eternização existencial na forma humana em algum imaginável paraíso celestial. Influenciado por essa motivação poderosa, a consciência humana criou deliberadamente um ser que pudesse suprir mentalmente tais necessidades e expectativas se tornando refém do fruto da própria imaginação que o mantém confinado aos devaneios que acabam por torna-los explorados por oportunistas e charlatões das mais diferentes correntes teológicas auto proclamados autoridades religiosa.
Assim o homem escolhe sua trajetória permitindo-se convencer que tudo que existe tem necessariamente que ter um criador e acabou por encontrar acomodação na salvadora ilusão que chamou de “Deus”, desprezando qualquer possibilidade de desenvolver o discernimento opta por bloquear a razão priorizando a fé com a qual semeia guerras, disputas medíocres, miséria, desigualdade e por fim auto aniquilação da própria raça e do ambiente que lhe serve de casa na curta estadia que dura a existência, na condição de mais temível e destruidor predador no Universo.
Se Deus existisse de fato e fosse imutável e eterno, não existiria o velho ou o novo nem necessidade de adequação das “normas ou preceitos divinos” a regras, culturas, eventos ou a diferentes calendários estabelecidos ao longo de diferentes civilizações.
Enfim, toda o desperdício de tempo em torno da infindável discussão converge para uma constatação plausível: O “Criador” da ilusão chamada “Deus” é fruto da mente humana em seus delírios e devaneios.
A ci ência liberta da i gnor ância , enquanto a censura contr ária a ela mant ém a escravidão e o atraso.