O ex-deputado e ex-bancário Isaac Newton Pessoa, um dos fundadores e professor do ICBEU em Manaus em 1956, tece considedrações pertinentes ao assassinato do Senador Olavo Pires, meu dileto amigo e companheiro no PMDB, ocorrido há 21 anos, aproveitando o gancho da matéria bem colocada do Prof. Sílvio Mellon, que visam a esclarecer o público sobre os perigos uso da difamação e da calúnia como armas politicas, até o assassinato. Alerta sobre a necessidade social de combate à corrupção encastelada no Poder e pede reflexão sobre a postura de indiferença dos que tem responsabilidade de lutar por uma sociedade mais justa. Merece leitura por trazer à luz pública subsídios interessantes sobre os bastidores da recente história política de Rondônia:
Felicito o Prof. Sílvio Mellon pelo seu registro sobre esse fato histórico (21 anos sem o Sen. Olavo Pires) que envergonha o Brasil em geral, Rondônia, o Senado da República e a pessoa de senadores covardes em particular, senadores que aceitaram pacificamente a eliminação violenta de um de seus pares porque os inimigos do bravo político o denegriram com a pecha de traficante, da qual a CPI DA PISTOLAGEM o inocentou, antecipando-me no que eu disse acima sobre a covardia de senadores.
Caberia ao Senado investigar a vida do Senador, fazer uma varredura completa, inocentando-o ou o expulsando de seu convívio. O que não poderia fazer, mas fez por OMISSÃO, uma forma de cometer crimes, era ficar na moita, dar à morte do Parlamentar o consentimento do silêncio oportunista e pusilânime, sem buscar a verdade, sem contentar-se com boatos apenas, ou escusar-se por causa deles.
Essa CPI da Pistolagem foi um pouco mais além ao dizer — com meu aplauso, porque a avaliação é justa e correta — que O CONGRESSONACIONAL é covarde, incluindo aí a Câmara dos Deputados.
Na verdade, o “bom político” é oportunista, só nutre lealdade por si mesmo, com exceções como o Deputado Antônio Morimoto e o Senador Olavo Pires, que também viam os amigos, enxergavam a aflição do outro e socorriam, como ambos fizeram comigo, sem preocupações apriorísticas com minha culpa ou inocência.
O Evangelho de João, Cap.7:50-51, já registra que ninguém deve ser julgado sem ser ouvido (Nemo inauditus damnari debet). Não se pode atribuir culpa a priori. O acusado deve ser ouvido.
Agora, quando o juiz é bandido togado, daqueles de quem falou a corajosa Ministra Eliana Calmon, Corregedora Nacional de Justiça, a oitiva do acusado é apenas para cumprir formalidade, mas sua condenação já está acertada. Cito apenas o ex-juiz José Isaac Bírer como exemplo, mas a lista é grande.
Quando do horroroso fuzilamento de Olavo Pires, os Srs. Senadores não se preocuparam em nenhum momento com a imagem da Instituição, nem com o fato de que a impunidade sinalizava o caminho da eliminação de concorrentes políticos via assassinato, comum em nível de vereador e prefeito, até hoje, mas sem atingir o Senado da República. Quem sabe, se matassem mais uns quatro a médio prazo, o Senado mudasse de atitude.
Quinze prefeitos brasileiros foram eliminados nos últimos 10 anos – o mais escandaloso exemplo é odo Prefeito Celso Daniel, trucidado por petistas de uma perigosa quadrilha que matou até testemunhas e o médico legista que comprovou a tortura da vítima.
A tortura foi para Celso Daniel revelar os códigos e conta em paraíso fiscal onde estaria guardado o dinheiro que ele arrecadara para o Caixa 2 do PT, esse que todo mundo tem, coisa normal, como disse o ex-Presidente Lula quando estava no cargo, justificando-se matreiramente.
O Prefeito teve seu destino selado quando descobriu que o esquema organizado por ele para favorecer apenas o PT, seu Partido, fora manipulado para enriquecer uma quadrilha, da qual seu ex-secretário e segurança particular, o “Sombra” era figura de proa.
Quem quiser saber detalhes, vá ao Google e digite “assassinato do prefeito Celso Daniel”. A história é estarrecedora. Envolve o Lula, o ex-Ministro da Defesa, ex-Ministro do STF e ex-Senador Nelson Jobim, José Dirceu, etc. De fato, pode resultar em morte qualquer manifestação contra gente desse caráter.
Felizmente, apesar dos pesares, Romeu Tuma não era assim tão radical, do contrário eu não estaria aqui a fazer comentários. Depois de ler o caso “Celso Daniel” é que me dei conta da importância dos conselhos que recebi do delegadofederal Lusenildo Ferreira Félix, cearense e ético,quando foi ouvir-me em novembro de 1987, e do Diretor da Cadeia Pública de S.José do Rio Preto, o delegado da P.Civil Armando Cardoso Machado.
Ambos me disseram: Não abra o bico enquanto estiver preso. Só fale depois que sair daqui. Bem, no caso do Celso Daniel, a liberdade de movimentos não salvou quem poderia contribuir para a condenação da quadrilha petista.
O tratamento dado ao caso do Senador Olavo Pires não difere muito do acontecido ao prefeito Celso Daniel, com o detalhe de que, neste caso, graças ao Ministério Público, o mandante está preso e vai a júri popular.
Até colocaram uma delegada com fortes ligações com gente envolvida no esquema criminoso para procrastinar até o Dia de Juízo a conclusão do inquérito policial, sem o qual não haveria indiciados, mas a INDEPENDÊNCIA DO MINISTÉRIO PÚBLICO prevaleceu, felizmente, e as investigações foram feitas por esse órgão, nada obstante os esforços para anulação do processo por alegada falta de legitimidade do MP.
Caberia lembrar que o Senador por Alagoas Arnon de Mello (Arnon Afonso Farias de Mello), pai de Fernando Affonso Collor de Mello, no dia 5 de dezembro de 1963 atirou no Senador Silvestre Péricles (Silvestre Péricles de Góis Monteiro) no Plenário do Senado, a uma distância de cinco metros, quando Péricles se achava na Tribuna.
Desmoralizou a fama de bons pistoleiros de que gozam os alagoanos, eis que fez três disparos contra seu desafeto sem certar nenhum.
É possível que o Sen. Silvestre Péricles, com seu passado de coronel nordestino, merecesse as balas, mas o Senado da República nunca deveria ser palco de tamanha violência e cabal desrespeito.
Pelo menos Arnon de Mello cometeu o crime às claras, talvez contando, acertadamente, com possibilidade de que seus pares nada fizessem, como de fato não fizeram.
À parte os desdobramentos que a ação do Sen. Arnon representou sobre a imagem do Senado da República, sem falar no crime doloso contra a vida, o cúmulo do absurdo foi que um dos disparos acertou o coração do Senador José Kairala Filho, Suplente do Senador José Guiomar dos Santos (PSD/AC), que nada tinha a ver com a rixa entre os dois senadores das Alagoas.
De fato, Arnon de Mello continuou no cargo “numa boa”, como se diz, e morreu de morte morrida como Senador da República, sendo sempre eleito e reeleito, a indicar que o povo não se importa com a morte de senador algum, nem os senadores tomam atitude de qualquer espécie quando se mata um de seus pares, o que é muito mais grave.
Não foi diferente com o Senador Olavo Pires. Para muitos, a morte dele representou enorme alívio, e ainda representa, de sorte que o aniversário de 21 anos desse assassinato será comemorado pelos mandantes, até hoje “desconhecidos”, e por quê?
Porque o Governo assim o quis e ainda quer, da mesma forma como dificultou as investigações do assassinato de Celso Daniel, que deveria ser rotulado de crime comum de seqüestro relâmpago. Não fora a determinação do MP, a estratégia teria colado, com a ajuda da delegada,como queria a cúpula do PT.
Se o aniversário de mais de duas décadas da morte de Olavo Pires é lembrado com alegria pelo sucesso dos conspiradores e, também, pelos que lhe herdaram o espaço político, o que é normal, gente como o Prof. Mellon e eu se encontra na torcida contrária.
Eu, particularmente, porque nunca esqueço quem tenha sido generoso comigo, como não deixo de lembrar os que foram canalhas, embora possa perdoá-los, algo diferente de esquecer. Como lembrou com acerto o pensador católico Leon Bloy, “Sofrer passa, mas ter sofrido não passa nunca”.
E é por gratidão ao Olavo Pires que me engajo neste comentário, gratidão só menor do que aquela que cultivo pelo meu saudoso amigo Antônio Morimoto, uma das pessoas mais leais e decentes que conheci ao longo dos meus setenta e sete anos de vida.
Morimoto e seu irmão Jiro, também já falecido, até passaram um dia inteiro comigo na cela em S.José do Rio Preto numa semana santa. Trouxeram o almoço, nada menos que bacalhau de primeira, e ficaram até a tarde. Morimoto foi o único político rondoniense que foi a São Paulo visitar-me. Olavo Pires nunca foi, como boataram. A visita que me fez foi em Brasília.
E foi a gratidão, de par com meu zelo pelo justo contra o injusto, pela verdade contra a mentira, que não me deixou silenciar ou ficar omisso diante da tragédia do assassinato do Senador Olavo Pires ao ler declarações totalmente falsas publicadas na mídia para encobrir com tênue cortina de fumaça o pavoroso crime.
Lembrei-me de que o Senador foi visitar-me na prisão da PF em Brasília, tendo antes ido a minha casa, coisa que gente de quem eu fora amigo comprovado por muitos anos, gente —por quem lutei ou a quem servi leal e cordialmente — que não se dignou de dar um telefona sequer à minha família carente de apoio. À época, três de meus quatro filhos ainda eram adolescentes.
Esses “amigos” ou ficaram indiferentes, ou me prejulgaram, ou ficaram com muito medo, ou simplesmente adotaram o comportamento do sacerdote e do levita na parábola do Bom Samaritano, que Jesus usou para explicar que o rótulo nada significa: o que vale é a atitude da pessoa, seja ele cristão, herege, muçulmano ou budista.
Próximo, amigo, é quem socorre e ajuda. Olavo Pires era praticamente estranho para mim, mas foi ele quem tentou ajudar e mostrou a cara, a ponto de dizer em discurso, quando a imprensa colocou como pecado grave a visita que me fizera, que “Amigo é para essas coisas”.
Olavo Pires poderia ter dito que visitar o preso, o enfermo, é virtude cristã das maiores, não implicando apoio ao crime de ninguém, se houver, o que não era o caso. Fui simplesmente vítima de bandidos policiais sem qualquer escrúpulo.
Sem concordar com o pecado, Jesus livrou a pecadora apanhada em adultério, crime punido com a morte por apedrejamento naqueles dias entre os judeus, como o é ainda hoje nos países muçulmanos que seguem a Sharia.
Foi por isso que escrevi à revista ISTOÉ, ao jornal O GLOBO, à Folha, e fui ao Senado com os documentos de que dispunha.
Eu nada sabia da vida do Senador Olavo Pires quando ele me foi visitar na prisão em Brasília. Ao defendê-lo, apenas usava dos mesmos argumentos do cego que Jesus curou, conforme narrado em João 9:24-25:
“Então, chamaram, pela segunda vez, o homem que fora cego e lhe disseram: Dá glória a Deus; nós sabemos que esse homem (falam de Jesus) é pecador. 25. Ele respondeu, se é pecador, não sei;uma coisa eu sei: eu era cego e agora vejo”.
Eu não sabia o que o Senador fazia na vida particular quando foi a minha casa, mas de uma coisa eu sabia e sei: ele não temeu ficar visado pelos policiais federais, que o tempo revelou serem perigosos bandidos, nem receou cair na antipatia dessa gente, visitando-me na prisão depois que nosso amigo em comum Samuel Sales Saraiva o informou sobre o acontecimento e falou bem de mim. Acabou pagando alto preço por desafiar policiais bandidos que estavam no Poder.
Eu hospedara o Samuel em Brasília quando tinha mandato, sendo eu da ARENA e ele, do PDT, depois PMDB. No momento, ele necessitava desse apoio. Ora, o cristão deve ser hospitaleiro – Hebreus 13:1, sem falar em muitas outras passagens nas Epístolas de Paulo e Pedro.
O Samuel também não se esquivou de nos emprestar seu socorro, nem se omitiu. Ao contrário, apoiou-nos em tudo. Isso é ser decente e amigo. Os outros são amigos apenas de favores, gente que é felina, não é canina, falando-se de lealdade.
Quando Olavo Pires foi assassinado, eu já sabia mais sobre ele. Conversara longamente lá no Carandiru com o Francisco Maciel Lima, que fora piloto de Don Rey, Bispo de Guajará-Mirim, e era na época piloto free lancer.
A partir daí, tive a certeza de que o Senador nunca se metera no tráfico de drogas. Ora, quem revela seus próprios segredos não se abstém de contar os alheios, mormente num ambiente de confiança, com alguém responsável. E o Maciel me contou tudo o que sabia de todo mundo, inclusive as próprias atividades como piloto.
Bem, é que naquele ano de 1989 ou 1990, envolveram o Senador no “flagrante” do Macielsó porque este portava um cartão de visita do Parlamentar e eventualmente pilotara seu Cesna 310. Para confundir, colocaram uma foto bem grande do C-310 na alto da página, a do Olavo Pires ao lado, com a dos pilotos Maciel e Aranha embaixo.
Os menos atentos, a maioria, logo concluía que o “flagrante” se dera na avião do Senador, embora a aeronave estivesse em revisão total no Campo de Marte desde janeiro, tendo a “apreensão” da cocaína ocorrido em maio seguinte. Na verdade, não havia cocaína alguma.
O flagrante, forjado, se deu após uma semana da chegada de MACIEL e ARANHA a São Paulo pela VASP, com o objetivo de compra de um Sêneca, me disse o primeiro. Como a PF então provava tudo com fotos e amostras que eles mesmos forneciam, sem controle de ninguém, as vítimas não tinham escapatória. E havia também entendimentos com o juiz da comarca.
Recém-chegado ao Carandiru, onde eu já me encontrava, transferido de S. José do Rio Preto como retaliação às minhas denúncias que envolviam, além de Romeu Tuma , Marcelo Itagiba, Precioso Jr. e José Augusto Bellini, três meliantes que envergonham os delegados honestos da PF, o Maciel me contou tudo o que sabia sobre tráfico.
Muitas vezes insisti no assunto do envolvimento de Olavo Pires com o comércio ilegal de entorpecentes, mas o Maciel sempre me assegurou que nunca soube de nenhum fato que pudesse incriminar o Senador ou de alguma forma vinculá-lo ao tráfico de drogas.
Lembrei-me de comentários da espécie que faziam sobre o Chico Torres, que depois seria vítima de propaganda política da REDE GLOBO em favor do Sr. Romeu Tuma, e achei que era caso semelhante: Chico Torres nunca soube nada do comércio ilegal de drogas, só de borracha e de crédito de tributos.
A desgraça do Chico Torres começou a partir da reportagem da GLOBO que o parou na BR-364entre Porto Velho e Guajará e, com base só em boato ocioso, apresentou no JORNAL NACIONAL como o mais velho traficante de Rondônia, embora ele não tivesse qualquer registro policial, acusação alguma de qualquer crime, para amparar a grave e irresponsável acusação.
Chico Torres me desamparou quando eu mais precisava, não me pagou o capital que eu tinha na empresa dele sem participar do contrato para que ele não ficasse impedido de operar com o Banco do Brasil, mas meu senso de decência e justiça me obriga a declarar que ele foi vítima, sem culpa alguma, da irresponsabilidade de interesses políticos de grupos e indivíduos como a Rede Globo e Romeu Tuma.
Abriram-lhe a pasta 007, tiraram de dentro seu 38 e o mostraram em pleno Jornal Nacional como se isso fosse prova de delinqüência, coisa de traficante, sem mencionar que o Sr. FRANCISCO PEREIRA TORRES, o Chico Torres, tinha porte de arma, MERECIDAMENTE, pois transportava valores até por necessidade de suas duas indústrias, uma em Guajará-Mirim e outra em Porto Velho.
Queriam criar o fato escandaloso para promover o Sr. Romeu Tuma, então em visita a Rondônia como Secretário de Polícia Federal e Secretário da Receita Federal, com vistas a futuras eleições daquele policial, como veio a acontecer.
Eleição se ganha com promoção na mídia, não é com cultura e virtude. Tiririca está aí pra provar, sem que isso signifique que eu tenha qualquer má vontade em relação ele. As televisões sabem disso e nem sempre se preocupam com a moralidade, com a verdade dos fatos.
Os que deveriam importar-se com esse tipo de abuso, com assassinatos como o de Olavo Pires e flagrantes forjados, simplesmente preferem ignorar os fatos porque a coisa não é pessoalmente com eles.
Por exemplo, o Senador Odacir Soares, no seu último ano de mandato, me prometeu pedir a seu amigo Renan Calheiros, então Ministro da Justiça, que apurasse minhas denúncias de que o “fugitivo” ao cerco em Fernadópolis era ninguém menos que o delegado Marcelo Itagiba; mais grave ainda, a prova foi forjada. Perito independente, de grande experiência e talento, ao examinar as fotos, logo concluiu que a tal prova é absurdamente INVEROSSÍMIL.
Autorizei — e até para empresar força a meu pleito, recomendei com insistência — o Senador Odacir Soares a dizer ao Ministro que me punisse com todo o rigor da lei se eu estivesse inventando coisas. Um documento oficial seria de grande valia num ação revisional que preciso intentar.
Passei o ano inteiro tomando chá de cadeira em seu gabinete no Senado, e ele não cumpriu a promessa, que nada lhe custaria, e seria até um dever seu porque se trata de denúncia grave, de crime praticado por policiais que roubaram e colocaram as vítimas na cadeia, beneficiando-se do poder de polícia de que gozam como agentes do Estado.
Esses indiferentes deveriam pensar que um dia seus parentes, filhos, sobrinhos ou netos, e até eles próprios, um dia poderão ser vítimas de gente dessa laia. Recomendo-lhes que pensem sobre este texto de Berthold Brecht:
Primeiro levaram os negros,
Mas não me importei com isso
Eu não era negro
Em seguida levaram alguns operários,
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário
Depois prenderam os miseráveis,
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados,
Mas, como tenho o meu emprego,
Também não me importei
Agora estão me levando,
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém,
Ninguém se importa comigo.
Eu tinha elementos para ajudar a esclarecer as calúnias que pesaram sobre o Senador Olavo Pires depois de sua morte. Levei meu dossiê ao Senado e tentei falar com alguns senadores a quem conhecia, inclusive o Mário Covas e o Amir Lando, beneficiário do assassinato do senador rondoniense porque era seu suplemente.
Aliás, quando o Mário Calixto se tornou seu suplente, o Amir Lando deve ter recordado o caso Olavo Pires e tomado redobradas cautelas, cheio de medo, e com toda razão, pois o Mário, sendo incapaz no campo do intelecto, é capaz de tudo no campo material.
Deixei com os sobreditos senadores cópia da minha denúncia e do ofício do Senador Olavo Pires que a encaminhara ao Ministro da Justiça. Era forte indício de que fora perseguido e que tentaram desmoralizá-lo como represália, rotulando-o com a infame pecha de traficante.
Na época, até pensei que a banda podre da PF tivesse algo a ver com a morte dele, mas o tempo me revelou que não há qualquer fundamento para isso.
Portanto, foi por gratidão e por detestar qualquer forma de INJUSTIÇA que bati na porta dos gabinetes dos senadores da Comissão que deveria apurar o assassinato do Olavo Pires .
Bati em vão: Amir Lando nunca era encontrado. Diziam-me lá que estava em sua Fazenda no Colorado, e que voltaria na semana seguinte. Só falei com um membro da Comissão que deveria investigar as circunstâncias da morte do Senador, Nabor Júnior, do Acre, a quem conhecia, mas este adiantou que já não fazia parte dela.
Em face dessa constante ausência, acabei deixando com assessores do herdeiro da Cadeira de Olavo Pires meus telefones para contato e o dossiê provando que o Senador fora vítima de retaliação do Sr. Romeu Tuma, então Secretário de Polícia Federal, o mais alto posto desse órgão, cumulado com o de Secretário de Receita Federal, sem que ele entendesse bulhufas de tributos. Um baiano diria: nadica de nada.
O Senador Amir Lando nunca me telefonou para se aprofundar no assunto do material que deixei em seu Gabinete, embora me parecesse que ele deveria ser o primeiro a interessar-se pela investigação da morte do titular da cadeira que herdou, pois foi beneficiário do homicídio, encaixando-se na clássica pergunta, quando se busca um suspeito: Quid prodest? A quem a morte do Senador Olavo Pires aproveita?
Se o Senador Amir Lando teve algum interesse em desvendar o bárbaro assassinato, seu medo de falar comigo foi maior, quem sabe. Afinal, eu fora dado como “O chefe da maior quadrilha traficantes de droga do País, e o homem mais rico de Rondônia”.
Bom político é isso: não dá ponto sem nó, não corre risco sem que haja retorno muito compensador. Foi o caso, quando Amir Lando aceitou o Mário como suplente, nada obstante as infâmias que este publicara sobre o titular da chapa.
Registro, como contraponto à postura do então Senador Amir Lando, em testemunho de estímulo à solidariedade e ao amparo do aflito, que o Dr. Rubens Moreira Mendes Filho, hoje deputado federal, quando assumiu a cadeira no Senado, me recebeu várias vezes em seu Gabinete, com um detalhe: Moreira Mendes nada me devia pessoalmente, mas nunca me deu chá de cadeira ou de poltrona. E sempre me atendeu. Isso é um gesto cristão de boa vontade e decência que merece realce.
O objetivo desta matéria é acrescentar dados ao que escreveu o Professor Mellon e mostrar aos leitores que o crime no Brasil é praticado também, e com freqüência, por quem tem o dever de combatê-lo; é também testemunhar que a Ministra Eliana Calmon, Corregedora do CNJ, tem carradas de razão quando afirma que há bandidos togados neste País.
Finalmente, desejo prestar homenagem ao Senador Olavo Pires no aniversário de sua morte e ponderar que cabe a todos nós, de todos os níveis, por todos os meios e formas possíveis, moralizar este Brasil, onde viverão nossos descendentes, para que não aconteçam mais patifarias que enriquecem gente que se vale do PODER institucional para cometer crimes sem maiores riscos.
Gente que se vale das facilidades do cargo ou de ligações com o PODER para tirar do cenário político que oferecer ameaças a esquemas, como se passou tanto com o Senador Olavo Pires quanto com o Prefeito Celso Daniel, vítima de quadrilha petista.
Apoiemos, agora e no futuro, a Presidente Dilma pela sua coragem e ação moralizadora, a sinalizar tolerância ZERO com a corrupção.
Fonte: Samuel Saraiva