— “Olá, eu sou Deus, todo-poderoso e onisciente. Estou sempre testando você para ver o que fará, embora eu já saiba de antemão o que você fará. Criei você à minha imagem e semelhança, e propositalmente imperfeito. Mesmo assim vou puni-lo pelo que você fez e fará de errado. Essa é minha inquestionável justiça, e meu plano divino de amor.”
Isso lhe parece razoável? De fato, Deus é criação de algum maluco em transe num milenar passado no qual prosperava a mitologia, e, de fato, só existe na fertilidade da imaginação dos que acreditam ser possível transformar fantasias em realidade no plano físico.
Não somos mais que seres soberbos, falsos, mentirosos, descarados, intelectualmente cegos, e pretensiosos, no incomensurável universo, interpretando a realidade nos míseros limites de empobrecimento intelectual, herdado do berço cultural no qual nascemos e formamos nossa visão de mundo a partir de lendas, crenças e mentiras, transformadas em verdades, no âmbito da ficção de nossas fantasias e necessidades mentais.
Tentamos justificar ou explicar o que acreditamos existir a partir desse limitado e duvidoso banco de informações, e sem lograr compreender ou resolver problemas tão simples do cotidiano no plano material, acenamos com respostas mirabolantes para explicar enigmas existentes no plano espiritual, usando a fé divorciada das obras, e da moralidade e da dignidade.
Desprezamos a razão e a importância do conhecimento. Desperdiçamos o precioso tempo com argumentos insustentáveis, copiados ou memorizados, numa postura tola e risível, desorientados e confundidos, como rebanhos pastoreados por lobos. Seguimos líderes leigos ou formados pela pseudociência chamada de teologia, capacitadora de charlatões na arte de enganar incautos (às vezes por se encontrarem desesperados, à margem da capitulação mental, financeira e social), para obtenção de vantagens materiais, por meio de promessas de recompensas celestiais, ou de intimidações terroristas apocalípticas.
Pessoas carentes de conhecimento ou de amparo psicológico, crédulas, bloqueadas para a razão e ignorantes, são aterrorizadas com a ideia de que serão cruelmente destruídas se não andarem com as viseiras de normas absurdas impostas desde milênios, e aceitas por inocentes ou instruídos que tiveram a mente bloqueada pela religião do país nasceram, em decorrência da lavagem cerebral a que foram submetidos na infância, e que imperceptivelmente tira-lhes a liberdade de evoluírem além dos “princípios”.
“Apascentadores” insensíveis e inescrupulosos desfrutam uma vida confortável à custa do suor, da carne, do sofrimento, do leite e da lã das ovelhas que conseguem atrair, com a promessa de vida eterna ou ameaça de serem transformadas em churrasco pela ira de um ser todo poderoso existente apenas na fértil e empobrecida imaginação de rebanhos incapazes de raciocinar de forma razoável.
Essas multidões existem vergonhosamente desprotegidas da ação antiética e criminosa dessas “empresas da fé”, de todos os tamanhos e matizes religiosos, extrapolando os limites do direito à liberdade religiosa e de culto, impunes, graças à conivência e omissão do poder público, corrompido e negligente, que premia líderes religiosos perpetuando a canalhice com privilégios, distinções, condecorações e isenções tributárias que agridem o princípio Constitucional da isonomia. E essas empresas comerciais religiosas, além de arrecadar impostos celestiais em forma de dízimos, ofertas e pactos, oferecem educação e saúde a preços exorbitantes que igualmente contrariam a prática caritativa e social que apregoam.
Como é possível sentirem-se em paz gastando confortavelmente o suado dinheiro de milhares de seres humildes que jamais terão o privilégio de sair dos limites de seus empobrecidos municípios, ou do estado em que nasceram? E ainda insultam e zombam dos miseráveis conclamando-os a bradar olhando para os céus: “Oh, glória”, ou “Maranata”, “digam amém irmãos”, para que “o grosso” das bênçãos continuem literalmente entrando em abundância…
Ao refletir honestamente sobre as religiões, constata-se:
– As crianças nascem puras, sem religião
…até terem a mente lavada com mentiras que passam a acreditar como se fossem verdades, e a partir delas aprendem a justificar absurdos.
– A religião cria polarização. “Nós, você. Eles”.
– A fé religiosa pretende habilitar o que é totalmente infundado.
– As religiões resistem à mudança e, ao fazê-lo,
Impedem ou retardam a evolução humana.
– Os fervores religiosos são indistinguíveis do fanatismo raivoso e emocional que evidenciam.
– Os mísseis que caem sobre crianças e idosos indefesos, são apenas uma manifestação de sincero perdão e amor ao próximo praticado pelos “escolhidos”, filhos do Deus de amor.
– As religiões são símbolos de morte e intolerância, sexismo, ódio, hipocrisia, descaramento e perseguição.
– Não se deve temer a Deus, pois não se teme uma abstração, que só existe no plano da imaginação, não intervém no plano real para evitar injustiças, e serve apenas para alimentar a criminosa indústria dos que vendem e recebem aqui, por produtos da fé a serem entregues em outro mundo.
Vergonhosamente, perderam o respeito pelo ser humano, expulsaram o sentimento de verdadeiro amor ao próximo, colocaram a ganância, no lugar da moralidade, para descaradamente, ganhar dinheiro fácil com a venda de mentiras com poderosas estratégias de marketing, maquiadas de decência, e na cara-de-pau, distribuem sorrisos e tapinhas nas costas das “ovelhas”, “desejando-lhes bênçãos”, sem nenhuma eficácia.