A crise econômica nos Estados Unidos está levando muitos imigrantes a desistir do sonho americano, e pela primeira vez em quatro anos esse número caiu, de acordo com o departamento de Homeland Security. Muitos perderam suas casas por não terem condições de continuar pagando as hipotecas de juros ajustáveis. A solução foi entregar as chaves ao Banco, e deixar o país.
Conforme reportagens The New York Times, a vontade de voltar ao Brasil nesse momento está mais forte do que nunca. A decisão de desistir da vida nos Estados Unidos está sendo tomada por um número cada vez maior de brasileiros em todo o país. O medo de deportação e a recessão econômica norte-americana estimulam essa decisão.
É dificil calcular o número de brasileiros que estão voltando, muitos deles oriundos de Rondonia. A única coisa certa é que muitas cidades do Brasil vão deixar de receber as altas somas em remessas de dinheiro que esses brasileiros costumavam enviar para seus familiares.
O porta voz do departamento de Homeland Security, Mike Keegan, disse que o crescimento do desemprego levou à redução do número de pessoas que tentam passar pela fronteira do México. Além disso, o governo americano está sendo mais eficiente em evitar com que imigrantes ilegais entrem no país e estão apreendendo mais imigrantes ilegais que já estão dentro do país.
Existe também o stress decorrente do fato de que muitos estão cansados de esperar por uma oportunidade de se legalizerem. A reforma imigratória ainda esta longe de ser considerada uma prioridade no Governo Obama. Com a desvalorização do dólar e as dificuldades que enfrenta a economia estadunidense diminuiu a motivação de viverem na clandestinidade. Muitos estão achando que chegou a hora de ir embora tomando em conta a relativa estabilidade da economia brasileira e a possibilidade de reencontrarem os familiares e amigos. Autoridades consulares confirmam a tendencia que o fluxo de brasileiros deixando o país é maior do que os que estão entrando – uma reversão quase inacreditável já que a apenas há quatro anos atrás vários brasileiros se arriscavam a passar pela perigosa fronteira com o México.
RIGOR NA FISCALIZAção FRONTEIRIçA
Além dos milhares de dólares do Governo federal para maior controle da entrada ilegal, criou-se um novo Sistema de Monitoramento Virtual da Fronteira do Texas, atravéz do qual os voluntários passam horas a frente do computador patrulhando virtualmente grande parte da fronteira entre o Texas e o México, orçado em US$ 4 milhões. Referido programa convida civís para visitar o site www.blueservo.net e observar transmissões ao vivo de 21 câmeras de vigilância instaladas ao longo da fronteira.
Mais de 130 mil pessoas já se cadastraram no site e assistem às imagens transmitidas. Em um ano o Blueservo.net recebeu mais de 50 milhões de visitas. São pessoas que chegam de seus empregos e param diante do monitor e começam a monitorar.
E se engana quem pensa que apenas americanos estão na lista de ‘patrulheiros virtuais’. Há cidadãos que desde da Austrália, Brasil, México, Colômbia, Israel, Nova Zelândia e Grã-Bretanha, participam desse trabalho ajudando os Estados Unidos a combaterem a imigração ilegal e o tráfico de drogas na fronteira.
As câmeras de vigilância estão dirigidas aos trechos que não são protegidos por muros ou por guardas de fronteira.
O site que exige cadastro e criação de senha para entrar, o Blueservo.net instrue os usuários sobre o que eles devem procurar: grupos apertados em barcos tentando cruzar o Rio Grande, indivíduos carregando mochilas ou pacotes, carros estacionados em áreas isoladas e pessoas rastejando pelo caminho.
Se os ‘patrulheiros virtuais’ observam qualquer coisa suspeita, eles apertam um botão no site e enviam uma mensagem para o xerife da localidade correspondente.
RISCO DE ABALOS PSICOLóGICOS
Mesmo com a recessão os EUA ainda mantém um cenário econômico melhor do que no Brasil. Estudos sobre famílias que regressaram, realizados em Boston pela Universidade de Massachusetts, indicam que uma boa parte associa os dois países no campo da oportunidade. Hoje, quem regressa sabe que as oportunidades no Brasil não são boas quanto se propala. E é por conta desses fatores que a volta pode provocar traumas ou abalos psicológicos com possibilidade de quadros clínicos preocupantes decorrentes de problemas familiares, o que não é incomum em casos graves.
DIMINUIção RECORDE DE REMESSAS
Conforme dados da InfoMoney, em 2009, brasileiros no exterior enviaram o menor valor em cinco anos, forão US$ 2,22 bilhões para o País no ano passado, o menor valor em cinco anos, já que em 2004 eles fizeram remessas ao Brasil na ordem de US$ 2,45 bilhões.
A única coisa certa é que muitas cidades do Brasil vão deixar de receber as altas somas em remessas de dinheiro que esses brasileiros costumavam enviar para seus familiares.
Apesar dos números a realidade indica que o poder aquisitivo do imigrantes, mesmo diante da crise econômica em que o país se encontra, continua seduzindo. Para milhares de nossos concidadãos, o desejo de vencer nos Estados Unidos continua latente.
Para a grande maioria que entrou ilegalmente, as probabilidades de viverem um pesadelo eram grandes e tristemente se concretizaram. No entanto, aqueles que imigraram legalmente e receberam a residencia permanente ou a cidadania, que são empresários ou profissionais qualificados, o “sonho Americano” é uma realidade.
Samuel Saraiva
us3000@comcast.net