Em um beco esquecido de uma cidade em ruínas, um velho chacareiro caído em desgraça chamado Henry sobrevivia de restos de comida, deixando por estranhos nas lixeiras atrás de restaurantes e raramente o notavam. Ele havia perdido a ilusão da vida há muito tempo – até que, em uma manhã chuvosa, enquanto vasculhava por comida, ouviu um gemido suave.
Soterrado sob sacos de lixo rasgados, estava um cachorro cambaleante, com algumas feridas, magro, faminto, infestado de pulgas e carrapatos. As mãos calejadas de Henry, rachadas por anos de frio, ergueram delicadamente o animal da imundície. “Você vem comigo, amigo”, sussurrou ele, abraçando o cachorro.
Ele o chamou de Hulk.
Daquele dia em diante, Henry dividiu cada migalha que encontrava com Hulk. Nas noites em que encontrava comida, sempre a dava primeiro para o cachorro. “Você precisa mais do que eu”, dizia com um sorriso cansado, cheio de compaixão. Hulk trazia aconchego às suas noites, lealdade aos seus dias e um alento para continuar vivendo. Supressivamente, um agente comunitário sensibilizado com a situação o convenceu a consultar um médico, mas era tarde demais.
Um câncer em estágio avançado havia se instalado em seu corpo — acelerado pela desnutrição e falta de tratamento. Ele faleceu em poucos dias depois em uma cama de abrigo, sussurrando algumas vezes o nome de seu leal amigo Hulk.
Hulk foi acolhido por outro mendigo caridoso, mas se recusou a comer. Parou de latir. Parou de abanar o rabo. Sentava-se à porta e esperava por Henry. Sempre à espera.
Um mês depois, Hulk deitou-se uma última vez — como se soubesse que veria o amigo novamente — e nunca mais acordou.
Ambos morreram com o estômago vazio, mas o coração cheio de amor, porque por um instante, num mundo frio e indiferente, encontraram calor e conforto um no outro.
“Às vezes, o amor é o mais precioso tesouro que se pode compartilhar — e é o bastante para renascer ou revigorar o sentido da vida, fazendo-a valer a pena.”
Essa história demonstra que o companheirismo dos animais é incondicional.
Como Hulk, muitos cães e gatos necessitam apenas de comida, cuidado e comprometimento. Em troca, eles te oferecem amor e lealdade. Abandoná-los à própria sorte, havendo condição de alimentá-los, mostra o lado triste e mesquinho de um ser humano. Por puro egoísmo dos donos que vão dormir de barriga cheia, os coitados animais adormecem para não sentir a fome que os castiga sem piedade nas longas noites, mesmo sendo tão vulneráveis, puros e dependentes quanto as crianças.
Eles não são apenas animais, são como anjos da guarda, capazes de enfrentar risco para salvar com a própria vida. São criaturas dóceis, indefesos e oferecem tudo que eles possuem: amor e conforto em um mundo frio, cruel e indiferente, onde o amor e a compaixão são adjetivos de uma retórica carente de respeito à vida.
Se você não pode cuidar, doe para alguém que sinta empatia e respeite a vida, mas não deixe que sofram por seu egoísmo o cruel castigo da fome, ao mesmo tempo em que você faz seu nível espiritual regredi vergonhosamente.