Religiões se aglomeram distantes da razão

D efinitivamente, a imensidão do universo impõe a consciência sobre a insignificância humana na qual nota-se a necessidade coletiva de acreditar em um Deus com poderes sobrenaturais mesmo com a falta de evidência científica, ou sustentação razoável, e a única ‘prova’ seja a crença nela mesma.

Essa dependência obsessiva da mente pela necessidade tola de proceder a codificação espiritual religiosa do incodificável, na qual tentam encontrar explicação para o inexplicável, parece resumir o sentido frágil das religiões.

Soberbamente, sem admitir a limitada capacidade de compreensão, tentam transformar a fértil e por vezes delirante produção mental em verdades com as quais suprem a carência de conhecimento e discernimento sobre si e o Cosmos.

Nesses devaneios, se esforçam para colocar no mundo real criaturas divinas e mitológicas advindas da fertilidade do imaginável, para que atuem milagrosamente, preenchendo o vácuo deixado pela mediocridade e plena ausência da lógica e da razão.

Ao firmarem a fé na crença sobre o sobrenatural, descomprimem medos, inseguranças evidenciando o oportunismo que carregam, suplicando insistentemente aos céus o atendimento de necessidades, caprichos ou futilidades que poderiam suprir ou alcançar se despojados da preguiça física e acomodação mental.

Hipotecam cegamente a crença da existência de um Deus milagroso, amoroso e justo, existente apenas no abstrato desejo que gostariam de ver projetado desde o plano interior no plano racional por pura conveniência.

Contrapondo-se à fé, os flagelos  naturais, as ‘guerras santas’, as desigualdades sociais analisadas pela hipocrisia com que sacrificam a vida de milhares de seres humanos indefesos de todas as idades são fatos irrefutáveis e moralmente indefensáveis atestando que se Deus existisse, sua crueldade ou indiferença ao sofrimento humano não teria limites.

Nem Ele e nenhum de seus anjos ociosos se prestam acudir os que dizem crer, porém, correm para os hospitais e não para as igrejas, em busca de ajuda antes de morrerem se sentindo desamparados, conforme registros  ‘sagrados’ das palavras proferidas por um desses idolatrados como ‘filho de Deus’.

Essa postura mirabolante concebida num diminuto espaço da mente desprovida de discernimento ou qualquer base de razoabilidade, constitui a frágil fundamentação de toda religião, cuja única serventia se resume à sensação de esperança em hipotética em alivio ou vida eterna que creem existir além do plano físico.

Estaria ela inserida em textos ‘religiosos’ eivados de simbolismo, escritos há milênios por culturas atrasadas que existiram sob a égide do vislumbramento e do amedrontamento coletivo, sob ameaças de inferno e fogo eterno, destruição e morte.

Assim caminha a humanidade, geração após geração, legando a cada uma um acervo de atraso e surrealismo responsável, por atrelar os portadores de alguma capacidade de racionalidade à ignorância crônica, num excedente propalado de muita credulidade, escasso discernimento e pouquíssimas obras com as quais não conseguem sustentar fidedignamente o sentido real do auto titulo de religiosos.

O respeito ao livre pensamento e a liberdade de culto constituem direito inalienável, entretanto, não impedem a sensação de desapontamento gerada pela observação das massa de diferentes culturas obscurecidas pela formatação que em nada ajuda a humanidade na evolução do intelecto.

Ao contrário, o poderoso, indecente e influente comércio religioso influencia, atua impune e decisivamente na formatação das regras que regem a humanidade e a aprisionam a realidade absurda na qual existem.

Esse comércio corrompe o meio político que se omite à responsabilidade de coibir a manipulação e a exploração que  prolifera fertilmente no vasto campo da ignorância, mantendo parcela majoritária da humanidade patinando extremista em milenar e crônico atraso diminuindo a humanidade como um todo.

As práticas abusivas e imorais objetivando o expansionismo religioso constituem um desafio de caráter permanente a Estados e Sociedades. Com metodologias intimidatórias de convencimento semeiam o temor gerando coerção espiritual  caracterizando  manipulação coletiva para obtenção fácil de vantagens financeiras entre outras. Elas configuram terrorismo psicológico atentatório a civilização e abuso do direito a liberdade de culto e expressão. Sobre os legisladores impõe-se a responsabilidade moral de normatização efetiva que assegure a proteção plena dos cidadãos.